Fix Me || Decimo sexto Capitulo.
.Thinking About Her.
.Kaya.
“Estive pensando nisso.
A maneira que você explode minha mente
Porque soa diferente quando você diz meu nome?
Porque eu te ouço falando dela nos seus sonhos?
Não me fale sobre isso.
Continue soprando minha mente.
Sem conversa.”
(The Vamps - Hands feat. Sabrina Carpenter & Selena Gomez - Perfect.
Adaptados.)
Andei da estação de trem até em casa. Eu poderia dizer que foi uma
caminhada voltada para clarear os pensamentos, mas quando pus o pé dentro do
meu apartamento eu só conseguia pensar em como as coisas tinham sido perfeitas
até aquela ligação.
O tempo pareceu parar enquanto estava com ele, e agora percebo que
passamos horas na companhia um do outro. Foi tudo tão fácil.
Agora estou aqui, apenas me sentindo muito patética.
Retiro as minhas roupas de Ioga, tomo um banho, e quando faço isso
só consigo imaginar em como Niall esteve nesse banheiro de manhã, usou meu
xampu... Meu sabonete.
Quando saiu, ponho meu pijama, sei que não vou sair para lugar
nenhum, nem tenho vontade de cozinhar, então ligo para um restaurante de comida
vegana.
Termino a minha noite deitada no meu sofá, que serviu de cama para
que ele dormisse na noite passada, usando um conjunto ridículo de flanela com
estampa de fruta. Nem mesmo minha gata quer ficar comigo. Estou com tanta
preguiça que nem tenho coragem de tirar as embalagens em que a comida veio.
E quando estou pronta para me jogar em minha cama e fingir que
está tudo bem meu telefone toca.
O número que pisca na tela e dele. Fico alguns segundos olhando
para o telefone tentando me decidir de devo ou não atender.
—Oi. - digo quando decido atender.
—Oi Kaya. - a voz dele está daquele jeito da
noite anterior, ele andou bebendo.
Então ele me deixou sozinha para beber?
—Porque você está me ligando?
—Eu disse que ia ligar. - sua voz tem um tom
óbvio, e fico me sentindo meio boba.
—O que você quer Niall?
—Pensei em te convidar para vir aqui em casa.
Empaco, olhando para as minhas roupas de dormir e tentando
decifrar Niall. Já são quase onze da noite, ele teve a tarde inteira para me
ligar, e decide logo por esse horário?
—Niall... Olha as horas.
—O que tem?
—Eu to de pijama. - digo como se fosse claro.
—Vem com ele. Eu tenho certeza que vou gostar.
Quando ele diz isso quase posso projetar seu rosto, me dando
aquele sorriso de lado.
—Eu não vou sair a essa hora de casa, apenas
porque você quer. – dou de ombros como se ele pudesse me ver.
—Mas eu to sozinho Kaya. - Niall diz como se
fosse a melhor justificativa.
—Eu também estou sozinha.
Ele ri e em seguida solta um palavrão.
—O que foi?
—Eu bati o dedinho do pé! – ele exclama e é a
minha vez de rir.
—Você bebeu tanto assim?
—O idiota do Harry queria provar que ele tinha
um pau no lugar da vagina e eu me fodi. – estreito os olhos.
—Harry? O Harry que eu conheci?
Pergunto por que não consigo imaginar aquele Harry que passou a
noite bebendo água tomando um porre.
—Esse idiota mesmo. Kaya! – ele chama meu nome
como um gemido de birra.
—Niall! – imito, ele choraminga de novo.
—Você ta tirando com a minha cara?
Começo a rir, porque ele realmente parece ofendido.
—Sim. – murmuro entre risadas.
—Me ajuda Kaya! Eu não quero ficar
sozinho.
—Porque você não chama um amigo?
—Eu não quero eles, quero você.
Ouço outro barulho, como se ele tivesse se jogado
sobre a cama ou sofá. Ele não sabe, mas o que acabou de falar me fez sentir
algo que nem mesmo sei decifrar.
—Niall eu não posso. – começo a negar novamente,
mas ele resmunga antes que eu fale mais.
—Eu vou mandar o endereço, por favor, vem! Estou
te esperando.
—Niall... - começo a falar, mas ouço a ligação
sendo encerrada, afasto o celular do ouvido e confirmo, ele realmente desligou
na minha cara.
Niall quis que a última palavra fosse dele, e
agora não sei o que fazer. Fico olhando para a tela do celular esperando ele
ligar novamente, pode ser que a ligação tenha caído, mas então a tela brilha e
a notificação de mensagem chega.
A primeira mensagem, contem o endereço dele, e a
segunda um simples “Estou te esperando, preciso de você”.
Não e tão longe daqui. Talvez ele realmente
esteja precisando de mim. Eu não sei se quero ir, mas e se algo acontecer?
Droga!
Apenas pego a minha carteira e ligo para a
companhia de táxi, eu poderia ir a pé, mas isso tomaria tempo. Cerca de dez
minutos depois ouço a buzina do carro e desço as escadas depressa, passo o
endereço para o taxista que me encara pelo espelho do carro com o cenho
franzido. Então percebo, eu realmente estou indo de pijama.
Passo a viajem inteira olhando para a janela do
carro, vendo as luzes da cidade, as pessoas nas calçadas, e tentando entender porque
estou cedendo novamente, mas então o carro para em frente de um prédio e eu
varro meus pensamentos para debaixo do tapete.
Pago a corrida e desço, praticamente voo para
dentro do prédio, porque as ruas de Londres estão quase que congelando. No
Hall, atrás de um balcão tem um homem rechonchudo.
—Boa noite. – dou meu melhor sorriso, o cara nem
desvia o olhar do pequeno celular entre suas mãos.
—Eu gostaria de fazer uma visita.
—Qual apartamento? Qual e seu nome?
—Andar 10, número 1. Meu nome e Kaya – o cara,
gira na cadeira e pega o telefone pendurado na parede, disca alguns números.
—Boa noite Mr. Horan tem uma... - pela primeira
vez ele olha para mim. — Uma mulher aqui, k... - ele me olha como se
perguntasse novamente meu nome.
—Kaya.
—Isso, tal de Kaya... - ele fica em silencio e
depois diz um simples “Ok”. Encerra a ligação e me olha novamente, dessa vez me
analisando bem, bem ate demais.
—Pode subir. O elevador fica logo ali. – o cara
aponta para a direção de um corredor, dou um meio sorriso e vou andando o mais
rápido possível. Imaginar que ele está me olhando por trás deu medo.
As postas do elevador estão abertas, eu subo ate
o décimo andar sozinha, acho que pela hora a maioria dos moradores, estão
dormindo, é quase meia noite. Quando as portas se abrem na minha frente há um
enorme corredor branco com luzes amareladas, o ambiente e comum a outros
prédios, apenas não sei se imaginava Niall morando em um lugar assim. Tão...
Certinho?
O apartamento dele e o primeiro do corredor. Fica
ao lado esquerdo, não tem tapete de boas vindas como nas outras portas, apenas
uma campainha e o número um gravado acima. Fico algum tempo apenas parada
encarando a porta. Talvez não deva ter sido uma boa ideia vir aqui, mas não
posso dar meia volta e ir embora.
Engulo a seco e toco a campainha, ouço barulhos e
a voz dele grita um “espera”. Mais
barulhos e então um Niall todo desajeitado só de cueca surge pela porta.
—Você veio. – ele abre aquele sorriso, sem
malicia, apenas feliz.
—Você disse que precisava de mim. – dou de ombros
me sentindo meio boba pela terceira vez no dia.
—E como preciso. – Niall me estende a mão, reviro
os olhos, mas aceito que ele guie para dentro.
Por dentro tudo e mais surpreendente ainda,
porque simplesmente não há quase nada. Um sofá, sem nenhuma almofada ou um
tapete no chão combinando, tem uma televisão acoplada na parede, e só. Tudo
parece tão monótono. Monocromaticamente branco. Quase que sem vida.
A cozinha fica depois de um balcão, como na minha
casa, apesar de aqui ser menor, parece bem maior por não ter nada que preencha
por total.
—Você não tem tapete? – pergunto e Niall para do
meu lado franzindo as sobrancelhas.
—Acho que não ou será que ele sumiu? – a piada e
sem graça, mas ele ri como se fosse à coisa mais engraçada do mundo. Niall não
está bêbado como na noite passada, mas esta quase.
—Você me parece bastante bem, precisa da minha
ajuda pra que?
Ele sorri novamente, dessa vez com malicia, Niall
esta muito confortável do jeito que esta, apenas de cueca na minha frente do
meio da sua sala. Eu tenho que me forçar a não olhar por muito tempo para ele,
ou acabarei descendo minha visão para lugares proibidos.
—Eu não queria ficar sozinho. Isso e uma ajuda. –
e quando termina de dizer ele ri de novo. — Quer algo pra beber?
—Você não esta bebendo mais, não é?
—Só água.
—Ok. Quero um copo também. – ele concorda com vários acenos de cabeça e
vai andando meio que torto ate a cozinha. —Então você saiu para beber com o
Harry?
O que eu realmente quero saber e se Eseêne estava
lá, mas sinto que a pergunta seria no mínimo muito intrometida.
—Er, sim e com o Louis e Matt também.
—Uma noite dos caras? Que nem nos filmes?
Ele ri de novo.
—Tipo isso, só que Harry e Matt são mais moças do
que caras. Então Louis e eu ficamos com o papel de machões da noite.
—Conseguiram?
—Quem dera, Louis tem uma voz muito fina e eu
fico porre mais rápido que qualquer um.
Ele diz palavra por palavra sem rir, nem se
percebendo que isso sim tem toda a graça.
—Eu nunca ouvi você falar do Louis.
—A gente não se vê muito, ele e professor.
—Dois tatuadores, um professor... Que grupo.
—Já disse que Harry e psicólogo?
A cada momento uma nova surpresa.
—Não, mas isso e uma surpresa entanto. – ele ri
confirmando com a cabeça me dando o copo de água.
—Você veio mesmo de pijama. – Niall diz e eu me
autoanaliso imediatamente.
Estou com uma blusa de mangas compridas e calças,
e um conjunto.
—Você disse que ia gostar. – dou de ombros e ele
ri de novo, sinto que ele vai rir de tudo o que eu disse essa noite.
—Eu pensei em algo mais sexy, mas isso e mais
engraçado.
—Ora, você esta de cueca! – aponto para a sua
boxer branca.
—Eu to na minha casa, e pra tirar as minha calça
foi difícil, imaginar por outra?
—Você precisa dar um tempo da bebida.
—Eu não bebo sempre. – ele se defende.
—Já te vi bêbedo, duas noites seguidas.
—Foram coincidências. – Niall ergue a mão
apontando o dedo para mim.
—Vou fingir que acredito.
Niall fica calado, olhando para algum ponto no
chão, e o silencio se instala entre nós dois, nada desconfortável, e apenas um
silencio normal.
—Então você me chamou aqui para ter conversas
baratas? – digo tomando um grande gole da minha água, que eu já nem sei mais se
quero beber.
—Seria por ai.
Olho ao redor tentando disfarçar o sorriso.
—Isso não e nada do que eu imaginei. – digo.
—O meu apartamento? – ele pergunta e eu aceno
positivamente. —Por quê? O que você imaginava?
—Não sei. Um lugar com desenhos? Talvez um pouco
mais bagunçado?
—Eu não sou um estereótipo Kaya.
Ele me pega de surpresa, e isso e verdade. Niall
e um tatuador com a pele lisa sem nenhum risco sequer, a casa dele e
metodicamente arrumada, e ao mesmo tempo ele parece uma desordem.
—Aliais você nunca viu meu quarto. – ele me traz
de volta para a nossa conversa.
Niall expõe um sorriso malicioso nos lábios, de
repente ele se levanta e ergue a mão pra mim.
—Vem!
—Pra onde?
—Conhecer meu quarto ue.
—Eu não vou pro seu quarto.
—Por quê? Eu já entrei ate no seu banheiro,
porque você não pode entrar no meu quarto?
—E diferente.
—E uma desculpa, eu não vou fazer nada que você
não queria Kaya. – seus olhos contem verdade, e mais uma vez eu vou com ele.
Ele me guia ate um pequeno corredor e me puxa por
uma porta, ele liga as luzes e eu vejo seu quarto por inteiro. Tem uma cama
enorme no meio, ao lado direito uma porta de vidro com sacada, no quarto tem
mais duas portas, mas o que realmente me chama atenção e a parede onde a cama
fica ela e literalmente toda desenhada.
—Você que fez? – pergunto, mesmo que seja claro
que foi ele.
—Demoraram uns seis meses pra fechar, são todos
meus, alguns desenhos que fiz tatuagens e outros pessoais.
Eu me aproximo da parede, exatamente como fiz com
o quadro na sua sala do estúdio. São muitos desenhos um do lado outro, e cada
vez que olho para um canto e forço a vista vejo pequenas frases ou coisas novas
pequenas.
—Incrível. – sussurro, ele ri levemente atrás de
mim.
—A sua tatuagem esta ai. – ele diz e eu arregalo
meus olhos.
—Onde? – me viro para a parede procurando,
caçando, mas são muitos desenhos.
Sinto quando ele se aproxima de mim por trás.
—Me da sua mão. – Niall pede e eu ergo, ele pega
minha mão e me faz tocar a parede, percorrendo a superfície até a frase.
Ela
esta ali. Lights will guide to home, And ignite your bones, And I will try, to
fix you.
Letras pequenas, iguais a minha tatuagem.
—O que você acha?
Eu fico sem palavras, sentindo algo dentro de
mim, e minha voz parece presa em minha garganta. Engulo a seco e dou um
sorriso, forçando a nossa distancia.
—Lindo.
Ele esta sorrindo pra mim, e de novo me sinto
desestabilizada, como no trem. Niall se senta na ponta da cama e joga o resto
do corpo no colchão.
—Vem cá. – ele bate no colchão ao lado dele,
hesito um pouco, mas em seguida vou e me deito ao lado dele.
Estamos apenas aqui, olhando para o teto branco,
ate que sinto seus dedos puxarem os meus para entrelaçar as nossas mãos.
—Eu deveria ir.
—Por quê? – Niall imediatamente vira a cabeça
para me olhar, e apenas quando faço o mesmo percebo o quão perto estamos um do
outro.
Ficar tão perto, dividir espaços pequenos com ele
e o mesmo que perder o ar.
Engulo a seco, volto a encarar o teto.
—Já esta tarde.
—Porque você sempre arruma desculpas Kaya, isso
não precisa ser difícil.
Niall puxa meu rosto de volta para encara-lo. E
na luz do quarto dele vejo outros tons de azuis, e
experimento um novo sabor
dos seus lábios quando ele me beija castamente.
Sua mão toca a minha bochecha, a outra aperta a
minha. Seus lábios cobrem os meus, nossas respirações se misturam, narizes se
tocando e a sensação que percorre meu corpo inteiro quando ele me puxa para
cima de si.
Meu corpo toca a lateral do dele, eu sinto
pedaços da sua pele em mim, o ar falta, eu me afasto, ele não me olha
diretamente, seus olhos estão em meus lábios. Sinto-me ofegante e quente.
—Niall... - sussurro deixando a frase morrer na
ponta da minha língua, estou sem forças para tentar recusar isso.
—Não vai embora, só fica aqui. – agora ele me
olha diretamente. Fixo e confiante, eu vejo a suplica, ele parece ter medo. Do
que?
—Tudo bem. – concordo com um aceno de cabeça.
—Mais não podemos...
Ele nem me deixa terminar a frase, sorri e me
afasta novamente.
—Vamos apenas conversar. Mas me deixa por uma
roupa. – ele se vai e eu fico deitada apenas digerindo.
Ele volta e conversamos sobre amenidades o resto
das horas, ele me conta algumas historias da infância, sobre a escola, o inicio
da carreira de tatuador, eu quase não falo porque me sinto interessada em tudo
o que ele esta disposto a dizer sobre si, ate que pego no sono, ou talvez ele
tenha pegado primeiro. Não sei ao certo.
Quando acordo, estou deitada com a cabeça sobre o
seu braço, ele não me toca.
Não tive tempo para sonhos, mas Niall sim. Quando
acordo ele esta ao meu lado surrando coisas desconexas. Eu me sento sobre o
colchão, aproximo meu rosto do seu tentando decifrar qualquer coisa.
—Eseêne.
Ele murmura entre resmungos, e imediatamente me
sinto novamente como uma mera intrusa. Afasto-me, não quero ouvir mais nada,
mas também dificilmente conseguiria dormir novamente nessa cama.
Eu me levanto no meio da madrugada, no meio do
quarto escuro eu saio para a sala, procuro por um tempo pela chave da porta e
quando acho simplesmente saio da casa dele em disparada.
Desço no elevador, sozinha novamente, na portaria
tem um cara diferente, ele me olha com uma careta, mas não faz perguntas. As
ruas estão desertas, mas esta clara como na hora em que vim para cá e
igualmente fria.
Penso em chamar um táxi, mas na pressa de vir
acabei por deixar meu telefone sobre o sofá em minha casa. Então eu ando
novamente como horas atrás quando sai da estação de trem, quando ele me deixou
sozinha para sair com ela, a diferença e que agora eu o deixei pensando nela.