Fix Me || Décimo Quarto Capitulo.

14:12 Unknown 0 Comments

.Niall.
.Tequila? Tequila.

     Kaya é um enigma, nunca pensei que entrar em um trem apenas para dar uma volta seria algo que eu gostaria de fazer, mas eu gostei. Foi, interessante, nós conversamos sem ser interrompida, a paisagem desfocada das janelas era relaxante e não distraía, minha atenção estava toda nela e a dela toda em mim.
      O beijo ainda ronda minha mente enevoada, sua boca na minha, minha língua na sua, minha mão em sua nuca, seus lábios entre meus dentes. Aquilo foi mais intenso do que eu esperava, como uma descarga elétrica direto no meu peito, despertando uma sensação a muito perdida. Isso me assusta, mas me aquece de forma que estou rindo e ela sorrindo para mim.
        Assim que descemos na estação, Kaya parece ansiosa e animada, fica mais uma vez puxando um fio de sua blusa. Como ainda estou com a sacola de lixo, a deixo e ando até a lixeira mais próxima. Meu celular vibra no bolso, o pego, o nome de Éseêne brilha na tela, deslizo e levo até a orelha.
     —Niall? – sua voz ainda me desestabiliza
    — Quem mais? – reviro os olhos.
    —Cavalo.
    —Você ligou para o meu celular, quem mais atenderia?
    — Suas putas?
    —Minhas putas não têm acesso ao meu celular.
      Ouço a risada de Éseêne e sei que ganhei. Permito-me um pequeno sorriso.
    —Preciso conversar com você. – ainda posso sentir o sorriso em sua voz – Tá livre hoje?
       É como estalar os dedos na minha cara, ergo os olhos para Kaya, que me olha curiosa, um pequeno vinco se formou entre suas sobrancelhas, começo a caminhar de volta para ela.
    —O que você quer fazer? – pergunto.
    —Pensei, em irmos a um bar, só nós dois, você precisa relaxar um pouco.
          Já estava com planos de convidar Kaya para me acompanhar, mas Éseêne quer conversar comigo, sozinha.
     —Pode ser.
     —Naquele bar, duas ruas depois do Laboratório. – ela espera para ver se vou pedir para trocar o lugar – As quatro, ok?
    —Tudo bem, as quatro então. – merda, eu iria ao inferno se ela pedisse.
      Kaya parece estar olhando para todos os lugares menos para mim.
    —Te espero lá.
    —Até, Éseêne. – devolvo o celular ao bolso, mas antes dou uma olhada no relógio, faltam 40 minutos.
      Encaro o chão por alguns segundos pensando em como vou encerrar esse momento com Kaya, estávamos tão à vontade e agora o clima é extremamente desconfortável. Levanto a cabeça e seus olhos âmbar já esperam pelos meus.
    — Então, vamos? – forço um sorriso.
    —Para onde?
    —Para sua casa. Eu te levo lá, mas depois tenho que sair. – sua expressão desmorona, me atingindo com força.
     Penso que ela deve ter ouvido parte da conversa, talvez ela esperasse que eu a chamasse.
    —Ah sim. – ela morde os lábios com força e suas bochechas assumem um tom rosado, eu quero me socar nesse momento.
   —Então... Vamos? – aponto para o grande arco que leva até a saída.
   — Ah... err... Eu esqueci, tenho um encontro com a minha mãe aqui perto. – sua voz falha e seus olhos piscam com rapidez.
      Fico imaginando se ela inventou isso para evitar que eu a levasse para casa.
-- Ahm, tudo bem, você me liga depois? – Babaca – Melhor, eu ligo. – Ela assente – Certo, então até mais, Kaya.
       Sem saber como me despedir depois dessa cagada, me aproximo e a envolvo com os braços, deixando um beijo em sua bochecha.
       Idiota, minha língua estava dentro da boca dela a pouco tempo atrás e agora eu me despeço com um maldito beijo na bochecha. Por alguns instantes penso em dizer não para Éseêne pela primeira vez e ficar com Kaya, mas ela tem um encontro com a mãe e não devo atrapalhar.
       Pelo menos é essa desculpa que dou para o meu consciente quando abro um pequeno sorriso e me viro para a saída.
...
        Entrei em um dos taxis dispostos na frente da estação e dei o endereço da minha casa, preciso trocar de roupa e tomar um banho decente. Faltando dez minutos para o horário que marquei com Éseêne, estou pronto colocando um pouco de perfume atrás das orelhas e nos pulsos.
         Ligo para o taxi e aguardo ele chegar, sair com Éseêne é certeza de que terá bebida e de que eu sairei no mínimo alterado. Confiro minha carteira, documentos, dinheiro, cartões. Recolho o molho de chaves em cima da mesa e distribuo a carteira, as chaves e o celular nos bolsos da calça.
          Ouço a buzina do carro e desço após trancar a porta. O motorista me aguarda entrar no carro e eu dito o endereço para ele. Cerca de 20 minutos mais tarde o taxista para o carro na frente do bar, Éseêne está encostada na parede próxima a porta de vidro. Analiso o taxímetro e entrego o dinheiro redondo pra ele, deixando que fique com o troco.
         Saio do carro e Éseêne vem na minha direção sorrindo, me esforço para sorrir de volta, ela está linda como sempre e me desestabiliza.
     —Oi! – ela me abraça, seu perfume me invade.
     —Oi. – minha garganta está tão seca quando meu tom de voz. – Vamos entrar?
           Estávamos parados em frente ao bar, nos encarando.
    — Sobre isso... – ela solta aquele sorriso amarelo que eu conheço. – Eu acabei de receber uma mensagem do laboratório... Preciso ir.
    —O que? – sinto meus olhos embaçarem – Por que não me ligou desmarcando? Sabe quanto custou o taxi até aqui? – como se o dinheiro do taxi fosse meu maior problema aqui.
    — Calma! – ela pousa a mão no meu peito – Como eu não queria desmarcar com você, chamei, Matt e Louis para virem te encontrar, o Harry decidiu vir também!
    —Éseêne... – meus dedos correm o cabelo.
    —Eles já estão lá dentro, vai ser ótimo. – ela abre um sorriso radiante – Um tempo só para os caras. – Ela sacode meus ombros, animadas.
    —Em algum momento você pretendia se encontrar comigo sozinha? – cerro os olhos para ela.
     —Ér...
     —Merda, Éseêne. – me afasto um passo – Você tem que parar com isso, parar de manipular as pessoas desse jeito.
    — Se eu tivesse dito que era a noite dos caras, você teria vindo?
     Obvio que não, eu estaria com Kaya agora.
    — Talvez. – minto.
    — Só entra e se distrai um pouco. – Ela se aproxima mais – Por favor.
      Ela não espera minha resposta, se ergue e deixa um beijo na minha bochecha e segue para sua moto parada próxima ao meio fio.
       Respiro fundo, pensando que deixei Kaya, fiz aquela cena toda a troco de nada. Sacudo a cabeça e entro no bar.

..

   —Qual foi, Niall? – Matt chama minha atenção com um empurrão no braço. – Por que toda essa cara de bunda?
         Reviro os olhos e tomo mais um gole da minha cerveja, estamos todos ao redor de uma mesa redonda e pequena, algumas garrafas vazias se juntam sobre o tampão, pois o maldito garçom só sabe trazer e não leva-las. Ele tem evitado vir a nossa mesa, parece nervoso com Matt, não para de olha-lo sempre que o chamamos, Matt corresponde.
   —Não enche, porra.
   —Nossa, pensei que sua menstruação já tinha descido esse mês. – a voz fina de Louis ecoa pelo vidro quando ele fala antes de encostar o gargalo na boca e vira-lo.
   —Oh meu Deus, não me diga que está atrasada! – Matt leva as mãos à boca de modo dramático.
   —Niall James Horan, já não conversamos sobre os métodos contraceptivos? – Harry elava a voz, mas engasga ao tentar segurar a risada – Você me envergonha.
        Por mais chateado que eu esteja por ter deixado Kaya daquela maneira, esses caras não têm nada a ver com isso, eles são meus amigos, a única culpada dessa porra toda é Éseêne e ela não está nem aqui.
   — Não há nenhum problema com meu ciclo menstrual, obrigada. – Eu finjo jogar o cabelo por sobre os ombros.
        Mantemos-nos em silencio pressionando os lábios por alguns segundos, até que ao mesmo tempo deixamos as risadas fluírem. Harry ri tanto que os cantos dos seus olhos começam a lacrimejar.
   —Agora sim. – Matt declara com algumas risadas. – Tu tava aqui, mas sua alma estava vagando em algum lugar.
   —Acho que devemos beber algo mais forte em respeito a alma do Niall que voltou. – Louis declara já esticando o braço para chamar o garçom.
   —Tequila? – eu pergunto.
   —Tequila. – Matt e Louis respondem em uníssono.
   —Acho melhor continuarmos na cerveja. – Harry se manifesta, mas mal levanta a voz.
   —Por que o Harry e sua vagina estão dando opinião? – Louis nos encara – Talvez possamos pedir chá com biscoitos para vocês. – ele oferece de modo sério, enquanto eu tenho que me segurar para não rir.
   —Protesto! – ergo a mão – Tem muitas vaginas por ai, que bebem muito mais do que nós todos juntos. Não as ofenda.
   —Perdoe-me, permita-me corrigir meu erro. – Louis sacode a cabeça. – Por que o Harry e seu pau atrofiado estão dando opinião?
   —Melhor. – Matt diz.
        O garçom se aproxima e seus olhos travam no meu parceiro de estúdio mais uma vez, creio que por enquanto somente eu e Matt percebemos, já estou acostumado aos seus flertes.
   —Tequila. – Matt diz devagar e o garoto que mal parece ter idade para beber claramente começa a suar. – 3 doses e meia.
   —Tr-três e meia? – o menino gagueja e eu fico com pena de seu nervosismo.
   —Nosso amigo Harry, não aguenta uma dose inteira. 
   —O amigo Harry, no caso eu, vai querer duas doses. – Harry levante o nariz, o garoto não sabe para onde olhar, seus olhos correm por toda a mesa.
   —UAU – Louis diz ironizando
   —Cinco doses de tequila então? – ele pergunta.
   —Pode trazer oito, querido. Vamos tomar duas, cada um. – Matt pisca para ele.
...

   —Vou fazer a pergunta que creio que ronda a cabeça de todos aqui. Menos talvez a do Matt. – Louis diz enrolado.
       Após as doses de tequila, voltamos para a cerveja, isso nunca dá certo, estamos todos alterados. E já levantei para mijar umas quinze vezes.
   —Pelo visto essa pergunta envolve uma vagina.
   —Uma vagina complicada, caro amiga. – Louis junta às mãos desajeitadamente em frente ao rosto, numa postura de discurso que me faz rir. – Como, você – ele aponta para Harry. – O senhor pau atrofiado, conseguir domar a Senhorita Éseêne?
   —Eu me faço a mesma pergunta todos os dias. – eu digo para mim mesmo, mas Matt me lança um olhar solidário, sei que ele ouviu.
   —Isso é meio que uma prova que meu pau não é atrofiado, na verdade ele faz um bom trabalho. – Harry ri.
   —Essa não foi à pergunta.
   —Um bom mágico nunca conta seus segredos. – Harry ajeita o cabelo e ergue as sobrancelhas.
   —Isso é desculpa pra pau pequeno. – Matt se manifesta e nos deixa surpresos – O que foi? Vocês se esquecerem de que de pau eu entendo?
        Mais uma vez estamos rindo escandalosamente.
   —Meu pau não é pequeno. – Harry se emburra como uma criança.
    —Maior que o meu, não é.
         Eu e Louis nos entreolhamos e começamos a rir mais uma vez.
    —Acho que devemos chegar a um consenso. – Harry bate na mesa, de todos nós ele é o mais alterado. – Nossos paus são iguais. Fim.
   —Já deu de conversa de pau por hoje, não? – eu bebo mais um gole da cerveja, ela atinge diretamente meu cérebro, então a coloco na mesa encerrando minha cota de álcool.
   — Você, Niall, tem usado o seu? – eu seguro o riso mais uma vez, só Louis consegue ser tão direto e se manter sério.
   —Poderia estar usando-o hoje, se não tivesse sido manipulado a vir pra ca. – sei que estou mentindo, nem ao menos esperava levar Kaya para a cama, na verdade eu só queria ter passado mais tempo com ela, talvez ter pego outro trem.
     Oi? Já atingi toda essa quantidade de álcool?
   —Parece que aconteceu com todo mundo. – Louis balança a cabeça – Será que alguém aqui consegue dizer não para a Éseêne.
        Matt ri alto.
   —Aquela mulher é impossível. – ele enxuga os olhos – Desistam.
   — Desistam. – Harry mexe a cabeça afirmativamente.
   — Mulher é uma coisa complicada demais. – Louis chega a essa conclusão e se vira para Matt – Como é viver sem ter que lidar com elas?
  —Vocês estão se achando super descomplicados, não é seus cuzões? – Matt faz uma cara de desgosto. – Nós somos a pior raça.
   —Falando em raça, adotei um cachorro. – Harry declara sem mais nem menos.
        Louis engasga com a cerveja e um pouco escorre pelos cantos da sua boca.
   — Você o que?
   —Adotei uma cadela. – Harry parece contemplativo. – Gray, o nome dela.
   —Você é aleatório demais. – eu começo a rir da situação.
       O assunto mudou assim drasticamente, e sem percebermos estávamos falando de raças de cachorros, gatos, e sobre um porquinho da índia que Louis teve na infância. E assim fomos pelo resto da noite, eu parei com a cerveja e fiquei com uma garrafa de água, apenas Matt me acompanhou, Harry e Louis continuaram bebendo, e no fim tivemos que ficar de baba para os dois. Deixando claro que nem eu nem o Matt estávamos totalmente sóbrios, na verdade não estávamos nada sóbrios.
   —Eu vou indo. – Digo para Matt quando meu taxi para no meio fio.
   —Eu vou ficar mais um pouco. – ele pisca para mim e volta para o bar.
        Sei bem por que ele voltou, um sorriso brota no meu rosto e eu balanço a cabeça.

        Pobre garçom.

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