Fix Me || Quarto Capítulo

16:06 Unknown 1 Comments

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  Acordo e logo levanto, sem mais paciência para ficar na cama, passei a noite toda sem conseguir dormir direito. A imagem de um anel tomando o dedo de Éseêne faz minha cabeça girar e meu coração dormente dar dolorosos sinais de vida.

     Entro no chuveiro e deixo a água cair nas minhas costas, passo a mão pelo cabelo e o puxo em frustação, meus dedos descem para rosto e a barba por fazer arranha minha palma, um grunhido sobe pela minha garganta e a raiva vai tomando conta do meu corpo, soco a parede com força e meus dedos gritam junto comigo. Sacudo-os com força e vejo a pele avermelhada dar sinais de que vai ficar roxa.

     Saio do banheiro me secando com dificuldade, coloco uma cueca, calça jeans e uma blusa de mangas compridas, calço meus tênis e me preparo para ir para o estúdio, pego o que preciso e me preparo para sair, perto da porta do quarto um pedaço de papel me chama atenção no chão.

      Me abaixo para pegar e os números trêmulos me lembram de certos olhos cor de âmbar, por alguns instantes fico pensando no que fazer, se vale realmente a pena ligar ou se devo simplesmente esquecer que ela esteve por lá. Por mais que ela tenha me instigado e tenha me parecido tão familiar, não parecia o tipo de garota que frequenta minha cama. Não estou afim de esforço desnecessário.

       Saio de casa e entro no carro, tiro meu celular do bolso e conecto no carregador, corro o papel entre os dedos e decido ligar.

-- Boa tarde, loja de produtos naturais, o que deseja? – não consigo segurar a risada ao ouvir o tom formal, quem liga pra comprar legumes? O presidente?

-- Vou contratar você para ensinar Greta a ter modos quando um cliente ligar. – Vai que a rainha decide fazer uma tatuagem.

-- Acho que ela não vai querer receber minhas aulas. É provável que me odeie. – a pergunta seria: Quem Greta não odeia?

-- Fico admirado pelo fato de Greta se auto suportar. – ela ri e fico perdido no som da sua risada, o que me leva a rir também e pensar no porquê Greta ainda está lá, talvez seja pelo sexo fácil.

-- Ela parecia bem ranzinza mesmo. – porque ainda estamos falando de Greta?

         A linha fica muda e me pergunto se a ligação caiu ou se meus créditos acabaram.

-- Kaya, eu liguei para saber se você está afim de sair. – Decido ir direto ao ponto.

       A linha fica muda mais uma vez e começo a perder a paciência.
-- Eu não posso aceitar. – oi?

     Prefiro pensar que não escutei direito.

-- Desculpa, como?

-- O que?

-- Você disse... É que você ficou em silêncio e respondeu de repente.

-- Eu disse que não posso. – sua voz é despreocupada como se dar foras fosse seu emprego integral.

-- Você tem namorado? – é a única resposta que encontro, não que eu seja um cara imune a foras, mas realmente pensei que ela estivesse na minha.

-- Isso é tão clichê. – fico levemente irritado, mas não deixo aquilo bagunçar com minha cabeça fodida.

-- Se estamos em um clichê, nós sabemos como isso funciona.

-- Então, siga os passos. – sua voz é ousada e percebo que talvez ela não seja tão diferente de mim.

-- Ok Kaya, -- acaricio cada letra do seu nome em minha língua – acho que vou usar meus dez porcento ainda hoje. – ela ofega e eu sorrio pelo ponto marcado.

-- Eu disse, é um ótimo desconto.

       Penso em me despedir, mas ela desligou, sim, ela fez questão que a última palavra fosse dela. Largo o celular no painel e disparo para o estúdio.

...

        Depois de finalizar um trabalho de 3 sessões, a dona da tatuagem fica satisfeita e presenteia sua amiga com uma escrita, faturo algumas libras e um telefone.

         São quatro da tarde quando decido encerrar o dia, recolho minhas coisas e vou embora sem falar com Matt ou Greta, entro no carro e faço um caminho diferente do normal, sigo para o Tâmisa e procuro pela tal loja de legumes. Paro o carro em uma boa vaga e continuo minha busca a pé, passo em frente a uma loja e vejo Kaya curvada arrumando algo na prateleira de baixo, sua bunda me dá boas vindas e eu entro sorrindo, com uma visão daquelas mal percebo que a loja não vende legumes.

-- O que consigo com 10% de desconto nessa loja de legumes?

     Kaya pula assustada derrubando alguns potinhos de plástico.

-- Niall? – ela se vira ajeitando a roupa – Não vendemos legumes. – ela finge irritação.

-- O que você vende então? – levanto a sobrancelha sugestivo e vejo Kaya corar violentamente. Imagina se eu sussurrar alguma sujeira em seu ouvido, acho que sua cabeça explode, rio com o pensamento e ela me encara confusa.

-- Tá rindo de mim?

-- De jeito nenhum... – acabamos os dois rindo.

-- Bom... em que deseja utilizar o seu desconto? – ela chega mais perto

-- Não faço ideia, essa loja tem cheiro de mato, não sei o que esperar. – Kaya gargalha e fico perdido em seu sorriso.

-- Temos ervas, sementes, grãos, sabonetes, incensos, algumas frutas orgânicas...

-- Tem certeza que não tem legumes aqui? – seguro o riso.

-- Niall, pode se concentrar por favor? – ela tenta segurar também.

-- Ok, sabonete, eu gosto de sabonete, mas sem cheiro de mato.

       Ela segue para o fundo da loja, onde tem um balcão de madeira e imagino que atrás se encontre o caixa, em cima do balcão alguns incensos queimam e há algumas cestinhas com sacolinhas de ervas, me pego imaginando se vendem maconha em lojas como essa, não que eu fume, não curto a onda da maconha, me dá sono. Na parede perto do caixa, uma parede com varias prateleiras de madeira expõem sabonetes naturais.

       Kaya faz um sinal mostrando a prateleira e parece orgulhosa da variedade de cheiros.

-- Mato, mato, mato... – vou passando o dedo pelas prateleiras.

-- Para! – ela diz rindo – Temos alguns amadeirados muito bons!

-- Traduzindo: Mato. – eu pisco para ela.

         Ela se abaixa e pega duas caixinhas.

-- Esse é sândalo – me entrega a caixa – e esse é pinheiro selvagem, os homens costumam gostar desses.

          Levo uma caixa de cada vez ao nariz e tenho que admitir que são os dois muito bons, me pergunto até se existem perfumes com esses aromas. O de sândalo me agrada mais.

-- Eu gostei desse! – admito e ela sorri satisfeita.

-- Eu disse! O que mais você vai querer?

-- Eu quero dois desse sabonete e uma dessas merdas sem açúcar aqui... – pego uma barrinha de cereal no balcão.

      Kaya ri e vai para trás do balcão para calcular minha compra, ela coloca tudo numa sacolinha e me passa um valor ridiculamente baixo, tenho certeza que ela não está cobrando o preço correto.

-- Mais alguma coisa? – ela pergunta ansiosa

-- Bom, não vim aqui por causa dos legumes... – meu celular começa a tocar e assim que o pego o nome dela aparece na tela, atendo um tanto afobado, quando eu vou aprender? – Éseêne. – tento mostrar que ainda estou chateado pela briga.

-- Niall, precisamos conversar. – sua voz é suave e atípica.

-- Por que? – pergunto seco.

-- Por que não quero ficar brigada com você. – realmente não reconheço essa Éseêne, em que mundo ela daria o braço a torcer e me ligaria? Aposto que isso é obra do Harry, o que me faz sentir uma culpa profunda.

-- Onde eu te encontro? – cedo.

             Kaya me olha curiosa, mas desvia o olhar quando eu a pego me fitando.

-- Aqui em casa, Harry não está aqui, quero conversar só com você. – meu coração aquece e eu o repreendo.

-- Chego ai em a 20 minutos. – desligo. – Obrigada pelo desconto, preciso ir. – Kaya franze as sobrancelhas, mas logo sua expressão muda e ela assente. Parece chateada, mas não consigo entender o motivo.

           Pego minha sacola e saio da loja um pouco rápido demais, entro no meu carro e sigo pela principal para a casa de Éseêne.

...

  
-- Oi. – diz ao abrir a porta, ela está tão desconfortável quanto eu.

-- Oi. – ela abre espaço e eu passo por ela.

-- Acabei de fazer café, quer um pouco? – ela oferece andando para a cozinha, eu aceito e a sigo.

-- Bom... – diz colocando a caneca na minha frente. – Você vai me explicar o que aconteceu ontem?

-- Nada, eu não estava passando bem. – desvio de seu olhar e tomo um gole do café. Queimo a língua.

           Éseêne me analisa, isso me irrita, parece que de uns tempos para cá eu me irrito mais com sua presença do que a aproveito, tenho certeza que a culpa é única e exclusivamente minha, mas isso não deixa de me entristecer com violência, nós éramos inseparáveis, éramos amigos, “amantes”. Sinto falta do seu corpo, de senti-la, de ve-la chegar a seu ápice com seu rosto avermelhado e os cabelos grudados na testa... linda.

-- Você fez um escândalo. – ela reclama e eu assinto.

-- Só fiquei surpreso.

-- Vai a merda, você saiu que nem um furacão, gritou que nem louco.

-- Não esperava aquilo, só isso. – eu desisto do café. – Pensei que te conhecia, mas você mudou muito.

-- Sou a mesma de sempre, Niall. – ela revira os olhos

-- Você vai casar, Éseêne. – eu digo o óbvio e me preparo para a rebordosa.

-- E daí, mas que porra, um dia isso ia acontecer.

-- Está vendo? – balanço as mãos exasperado. – Pra quem me dizia que nunca ia nem arrumar um relacionamento sério, você parece muito bem com a proposta de Harry. Convivi com um Éseêne que não passava de uma fachada, uma casca.

-- Niall, para! – Éseêne se levanta.

-- É verdade, você sempre foi fria e dura, aí o Harry chegou e você se abriu como uma flor, não tente negar, é a verdade por mais dura que seja, você é outra pessoa.

-- Não foi fácil assim, Niall. – ela diz revoltada. – Sim, eu tinha uma puta de uma muralha em volta do meu coração, mas ela não existe mais, e é graças ao Harry! É com ele que vou me casar, eu o amo! Você – ela aponta para mim – devia estar feliz por mim, você sabe as merdas que eu passei.

            Suas muralhas caíram por causa dele, é com ele que ela vai se casar, ela o ama. Não sei se meu coração aguenta mais algo desse tipo, as vezes penso que não tenho mais nada em meu peito, mas Éseêne é mestre em fazê-lo despertar, da pior maneira possível. Mordo os lábios com força e abaixo a cabeça, deixo que ela pense que me sinto culpado, por mais que eu sinta um pouco de culpa, não é ela que domina meu peito nesse momento.

-- Você está certa, me desculpe. – olho para ela e pressiono os lábios. – Só não consigo parar de pensar, que estou perdendo uma amiga.

-- Niall! – ela vem para perto de mim – Isso não vai acontecer, nós somos mais que amigos, somos quase irmãos – melhorou bastante – Não vamos nos afastar, o Harry te adora! – Nossas conversas sempre terminam em Harry.

-- Ele é um cara legal, vocês são legais juntos. – sou sincero, mas essas palavras são difíceis de sair.

-- Nossa, legais? Que broxante! Nós somos o casal mais quente que essa Londres já teve o privilégio de assistir.

-- Talvez o mais humilde também. – e nós rimos, tento não parecer tão forçado quanto eu me sinto, Éseêne não parece perceber ou fingi não perceber.

-- Vêm, vamos assistir alguma merda na televisão.

            Ela me puxa pelo braço e nos sentamos no sofá da sala, ela coloca as pernas no meu colo e se deita.

           As vezes me pergunto se é melhor tê-la desse jeito ou não ter de jeito algum, as vezes penso em ir pra longe, viajar ou qualquer merda do tipo, as vezes quero apenas esquecer que ela existe, as vezes quero só um pouco de paz de espírito, mas então me lembro que é de Éseêne que eu estou falando, nada disso é possível quando se trata de sua presença na minha vida. Sei que preciso dela e isso me corrói mais a cada segundo.

Continua.
Autora Mavi Souza

Notas da Autora:
Hey meus anjos! Quando tempo que eu não apareço, me desculpem de verdade, tive muitas complicações, mas graças a Deus quase todas já foram resolvidas. Espero que gostem do capitulo, então, comentem bastanteeee! Sei que esse inicio de fic é meio enjoado, é dificil pra gente também, mas tenham um pouco de paciencia que as coisas vão se desenrolando!

Beijos no cotovelo!
Xx
:)

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Um comentário:

  1. Hey finalmente né Mavi! Kk 💙💙
    Vamos ver onde está história vai nós levar..AMEI....

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