Nymphomaniac || Quadragésimo Quarto Capítulo.

16:23 Unknown 21 Comments

   O clima em Holmes Chapel sempre fora quente. Raras as vezes o sol se escondia por entre as nuvens acinzentas. As vezes chovia de leve e outras trovões cortavam o céu com chuva de pancadas fortes, apesar em geral esse costumava ser meu tempo favorito. Mas hoje, quando saí de casa e a rajada de vento frio bateu contra meu rosto, pela primeira vez eu odiei o frio. 

   Tudo parecia conspirar, era basicamente como se todos soubessem, e estivessem se resguardando pelo luto. As ruas estavam vazias, e enquanto eu andava por aquele caminho que eu conhecia de cor, tudo ao meu redor parecia montado para a ocasião. 

   O céu com nuvens acinzentadas, o frio batendo com força, as casas fechadas. Tudo parecia triste. Sem vida. 

   A cada passo que eu dava meu coração se apertava milimetricamente. Eu queria chorar, mas algo em mim não permitia que nenhuma lágrima caísse naquele momento. Eu estava lutando para ser forte, por alguém que eu amava. 

   Quando avistei a casinha pequena, percebi que a cor já não era mais a mesma, a madeira estava tingida de azul claro, e algo me dizia que aquela cor tinha um significado a mais naquelas paredes. Diferente das outras casas, as luzes estavam acesas e uma leve movimentação podia ser vista de longe. Eu diria que nada estava diferente, se não fosse pela ocasião. 

   Andei pela grama verde podada, e nem precisei bater a porta, Charlotte estava sentada sobre o banco na varanda. Quando seus olhos azuis se encontraram com meus um brilho triste e insólito me fitaram. Charlotte apenas indicou a porta entre aberta e voltou sua atenção ao ponto fixos no chão, onde suas lembranças estavam. 

   Entrar na casa dos Tomlinson nuca foi assim antes. Sempre tive momentos bons aqui, me lembro da primeira vez que Louis me trouxe para jantar, Daisy e Phoebe ainda nem eram nascidas, e Johannah cozinhou peixe, sentamos todos na mesa, rezamos e logo em seguida o barulho tomou conta. As irmãs de Louis contavam como foi a escola, Mark reclamava do trabalho, enquanto Johannah brigava com o cachorro que insistia em rodear a mesa pedindo comida.  Depois disso, todos os sábados eu estava lá, adorava aquela felicidade bagunçada. Mas hoje foi diferente. 

   O sofá da sala estava ocupado com os avós de Louis, na mesinha do canto Mark estava com Pheobe no colo e na outra cadeira Daisy e Felicite, alguns rostos de tios e parentes próximos acomodavam o resto do espaço. Os avós de Louis acenaram levemente para mim, e Mark indicou a cozinha. Tentei sorrir ou dizer algo, mas não tive animo para forçar nada além de seguir pelo corredor. 

   Assim que entrei na cozinha amarela com decoração em velho me deparei com mamãe abraçando Johannah. Não faço ideia de quanto tempo elas estão assim, mas algo me diz que a muito tempo. Mamãe abre seus olhos e me vê parado, ela sussurra algo que não consigo ouvir e Johannah se afasta levemente e enxuga os olhos com as costas da mão. Quando ela se vira para mim meu coração se parte mais uma vez ao ver seu rosto tão querido inchado e seus olhos extremamente vermelhos. Johannah nunca foi assim antes. 

   -Harry Querido. - sua voz e um mero som rouco e baixo, mas graças ao silencio cortando posso ouvi-la.

   Engulo a seco e vou abraça-la. Sinto cada parte de si desmoronar sobre mim, seu peso parece comportar bem mais do que pode aguentar. Seus braços me apertam com força, e eu dou tudo de mim para passar o maximo de conforto. Depois de minutos ela se afasta, e novamente limpa as lágrimas com as mãos e me da um sorriso forçado que sou incapaz de retribuir, e com a voz falha me diz que Louis está no seu quarto.

   Enquanto subia as escadas e passava pelo corredor pequeno meu coração ia se apertando cada vez mais. Quando enfim cheguei o fim do corredor e puxei a escada acoplada no teto o silencio parecia ser ensurdecedor. Subi a escada de ferro que bambeava e estava tão velha que nem a tinta recém pintada escondia as falhas da ferrugem.

   Ergui minha mão para abrir a madeira no teto para ir para o sótão onde ficava o quarto do meu amigo. Não pensei em bater, e assim que entrei no quarto vi Louis sentado sobre a ponta da cama de costas para mim. Respirei fundo e fui em frente.

   Nada nesse mundo, nem mesmo em minha imaginação do pior, me preparou para isso. Todo meu alto controle se esvaio no minuto que abracei meu amigo e ele simplesmente caiu no choro. Louis sempre foi aquele irmão que nunca tive, para meu irmão a vida nunca tinha seus momentos baixos, já vi Louis trabalhar para ajudar a mãe quando a mesma perdeu seu emprego porque ficou gravida, Já vi Louis vender seu teclado para comprar ingressos do show U2 porque sua irmã queria vê-los, já vi Louis aprender a dançar balé porque Daisy não conseguia executar um tal passo. O fato é que Louis e um homem incrível, se eu tinha alguma certeza nesse mundo é que ele seria o melhor pai que já existiu.

   Naquele momento não havia nada além cumplicidade. Aos poucos os braços de Louis se afogaram, enquanto seu choro era silencioso e doloroso. Seu rosto estava inchado, seus olhos vermelhos e suas bochechas molhadas com lágrimas.

   -E-eu sinto muito Lo-louis. - sussurrei tentando inutilmente secar as minhas próprias lágrimas. Louis balançou a cabeça algumas vezes antes de falar algo.

   -Doí tanto, Harry. - murmurou batendo no peito com o punho fechado. - Tanto.

   Mais lágrimas caíram, eu não sabia o que falar, acho que Louis não precisava de ninguém dizendo que as coisas iam melhorar, porque não era isso que ele queria no momento. Eu sabia, no instante que vi seu rosto, que essa dor o consumiria, é a única coisa que podia faze-la parar era ter algo que já estava descansando em paz.

   -Eleanor não quer falar comigo. Ela acha...acha que a culpa é minha. - sua cabeça se ergueu em minha direção e se moveu negativamente antes de quase gritar. - Mas eu nunca...nunca faria nada para machucar alguém que eu amo. Aquele bêbado apareceu do nada. Mas eu a entendo...era o nosso bebê.

   Seu relato a seguir foi com a mais pura dor, sua voz estava transformada enquanto ele dizia que mais cedo naquela noite ele é Eleanor estavam brigando, quando tudo aconteceu. Com palavras de puro pesar ele me disse que a voz de Eleanor berrando com ele e depois berrando de dor seria algo que o atormentaria pelo resto da vida. E que apesar de tudo, ele se sentia mais culpado do que com raiva do bêbado.

   Tentei de tudo que eu era capaz para consolar meu amigo, e quando ele me disse que queria ficar sozinho eu apenas fui embora. Passei pela cozinha e dei um tchau para minha mãe e Johannah, ninguém precisou perguntar como foi lá em cima, todos sabiam como ele estava devastado. Andando pelo caminho de volta para casa pensei em cada palavra de Louis, de como ele só precisava de míseros 4 segundos para consertar o que o destruiu.

   4 minutos que roubaram uma felicidade, um amor e uma vida. E todas as vezes sn vinha na minha cabeça. Pode parecer besteira, mas eu juro a Deus que nunca amei ninguém como eu a amo. Não quero precisar perder meus 4 minutos.

   Levei minha garota para o lugar que eu mais amo nesse mundo. O lago que fica atrás da ponte existe a anos, e quando eu era criança minha mãe me trazia aqui com Gemma, para nadar, com o passar dos anos o lago foi esquecido, mas eu vivia aqui, quando queria pensar sobre algo ou quando simplesmente queria ficar só; eu ia ao lago.

   Deitado no chão com sn logo abaixo de mim era a sensação que ia acalmando meu coração. Sobre o por do sol acinzentado seus olhos me pareciam a mais linda e singela declaração, ela também me amava. E por hora, isso bastava. Entre nós pairava o leve vento feio com o cheiro penetrante da água e o verde da grama. Era tão agradavelmente maravilhoso.

   Com um último beijo Sn sorriu para mim e impulsionou seu corpo, giramos no chão e ela estava por cima de mim.

   -Você já nadou nesse lago? - perguntou apoiando suas mãos em meu peito.

  -Quando eu era mais novo, faz bastante tempo. - sussurrei erguendo uma mão para por uma das mechas do seu cabelo atrás da orelha. Seu sorriso se abriu mais irradiando.

  -Então vamos mudar isso. - no segundo seguinte ela estava de pé, me sentei para observa-la confuso, a ficha só caiu quando Sn começou a subir seu moletom pela cabeça.

   -Sn...faz muito frio. - disse paralisado com a cena. Antes de tirar a calça e ficar só com as roupas intimas ela me olhou com aquele sorriso sapeca de lado e murmurou.

   -Tenho você para me esquentar, e você tem a mim. - e simplesmente se virou, sem sequer olhar para trás. Parou as margens do lago e entrou, encolhendo os ombros mais sem parar um segundo e quando estava lá no fundo, com a água batendo em seus logo abaixo de seus seios gritou. - Vamos, Harry!

   E tudo que eu pensei foi. Meu. Deus. Como. Eu. Amo. Essa. Mulher.

Continua.

Notas da autora.

Ai Lindas, meu coração está dolorido, mas então o que acharam do capitulo? Quero deixar bem claro que Louis e Harry nessa fic são como melhores amigos ate mesmo irmãos, e quando um irmão está mal é lógico que nós também sentiremos a dor deles.
Apesar de tudo eu gostei bastante desse capitulo, e depois disso estou mais do que ansiosa para escrever Redemption <3.
Em relação a escolha da musica, See You Again, eu sei não foi o Louis que morreu, mas pra mim essa musica e mais sobre amizade no contexto do capitulo. Espero que entendam.
Enquanto a Season do Liam, ouve alguns imprevistos, infelizmente o note da Mavi deu problema e sozinha eu não daria conta, então adiamos para a segunda que vem.
Sem mais ate a próxima beijos <3

-Ananda.