Nymphomaniac || Quadragésimo Terceiro Capítulo

16:11 Unknown 14 Comments

    Acordo com uma leve cocegas descendo pelas minhas costas, abro os olhos com dificuldade e deixo meus lábios deslizarem para um sorriso.

      Percebo então o par de esmeraldas que me fitam, seus olhos inchados e avermelhados. Os meus próprios se arregalam e me levanto com um pulo.

-- Harry! -- ele desvia o olhar encarando o chão  -- O que aconteceu? Você estava chorando?

       Ele morde os lábios como se tentasse ainda conter as lágrimas, puxo seu rosto entre as mãos acariciando sem jeito suas bochechas cobertas por lágrimas secas. Meu coração se aperta e percebo então o quanto me importo com ele.

-- Harry, fala comigo... -- imploro.

-- A-a-a... -- ele engasga com o soluço.  -- A Eleanor perdeu o bebê. -- ele solta e novas lágrimas molham seu rosto.

-- Ah Harry... -- Tiro as mãos de seu rosto e puxo sua nuca, o apertando num Abraço desajeitado. -- O Louis já sabe? -- Pergunto com medo da resposta.

       Sinto sua cabeça em meu pescoço se movendo pra cima e para baixo, puta merda ele já sabe. Fico pensando naquele rapaz divertido de olhar perdido e no quanto ele deve estar sofrendo. Passei pouco tempo com Louis e e nenhum com Eleanor, mas o pouco que conheci de Louis ele ja se mostrou uma pessoa maravilhosa que esconde sua dor para receber o amigo e sua... namorada.

-- Você devia ir no hospital falar com ele. -- digo baixinho.

        Harry ainda está encolhido contra o meu corpo e a proximidade faz meu corpo pegar fogo como sempre, ainda mais por eu estar totalmente nua. Sinto seus braços me envolverem e me apertarem com força.

-- Ele já está em casa... -- sua voz sai abafada e embargada pela minha pele.

-- Você devia ir vê-lo lá então, ele deve estar precisando de você.

       Seu corpo se move, agora ele está quase no meu colo, me inclino tentando o deixar o mais confortável possível. Sua cabeça se vira na minha direção e seus olhos ainda mais verdes pelo choro estão tristes e vazios. Não tão vazios, meu peito se enche ao perceber uma pontinha de adoração ao me fitarem, adoração, por mim.

        Se a um tempo atrás alguém me dissesse que eu estaria com um cara, nerd, em seu quarto de star wars, nua, consolando-o. Eu riria da pessoa e a mandaria pra puta que pariu.

        Mas aqui estou eu e não posso mentir, eu amo o nerd no meu colo e me dói ver o quanto ele está sofrendo pelo amigo. Merda.

-- Eu vou, você vem comigo? -- ele pergunta e quase respondo que sim só pela sua suplica, mas não vou. Eles precisam de um momento sozinhos, o Louis precisa botar o que está sentindo pra fora, e tenho a leve impressão de que ele não vai fazer isso comigo lá. Tá bom, impressão forte pra caralho.

-- Harry... -- tenho medo de magoa-lo se disser que não. -- Acho que o Louis esta precisando só de você... Não quero atrapalhar isso.

-- Sn, meu anjo... -- mas ele parece compreender o que eu quis dizer e apenas balança a cabeça assentindo. -- Obrigado.

-- Pelo o que? -- minhas sobrancelhas se uniram

-- Você não faz ideia do que faz por mim, faz? -- seus olhos transbordam sinceridade e... amor.

         Me inclino sobre ele e deixo os meus lábios tocarem os dele com suavidade e leveza, boto todo o meu autocontrole no beijo, no beijo como um bater de asas de borboleta, uma beijo como o que ele deu na palma da minha mão certo dia.

          Meu autocontrole se esvai quando Harry puxa meu pescoço e suas mãos se emaranham nos meus cabelos, nossas línguas se tocam e é como tocar um fio desencapado. O choque percorre cada ponto do meu corpo. Eu me afasto ofegando cortando a corrente, Harry tem a respiração tão pesada quanto a minha, ele sente o mesmo.

-- Preciso trocar de roupa, ainda estou nua.

-- Eu sei, eu sei muito que você ainda está nua. -- seus olhos piscam em direção ao meu corpo meio escondido pelo dele.

        Eu deixo mais um beijo em sua boca e me levanto catando minhas roupas e as vestindo, Harry está esparramado na cama com os braços sobre os olhos. Se controlando.

-- Pronto. -- ele se ergue e espia pelo braço para saber se falo a verdade, um sorrisinho brota nos meus lábios e ele retribui, mas seus sorriso não alcança os olhos e suas covinhas se esconderam.

        A casa está em silêncio, em luto. Descemos as escadas com as mãos entrelaçadas, Gemma está no sofá e não vejo Anne em nenhum ponto que meus olhos alcançam.

-- Cadê a mamãe? -- a pergunta é pra Gemma, que parece abatida, mas não vejo sinal de choro.

-- Foi visitar a Johannah.

-- Estou indo pra lá, ela poderia ter esperado um pouco. -- ele diz catando as chaves do carro e soltando a minha mão para colocar os óculos.

-- Ela não sabia. -- Gemma responde mansa, mal se parece com a voz animada dela.

-- Claro, eu... ah... a Sn vai ficar com você, por favor não apronta... as duas. -- Gemma e eu soltamos risinhos cumplices. Ele para na minha frente e segura meu rosto entre as mãos. -- Já volto. -- Ele me puxa ao mesmo tempo que se curva para que eu alcance sua boca. -- Eu te amo. -- fico meio paralizada pela demonstração de carinho na frente de Gemma.

       Harry parece me conhecer o suficiente e não espera minha resposta.  Acordo do transe quando ele ja está virando a maçaneta, corro para ele e o beijo mais uma vez com força. Sem língua, apenas boca contra boca.

-- Eu te amo, dê um beijo no Louis por mim. -- ele sorri por momento, radiante por eu ter ido atrás dele. Ele sai e eu bato a porta.

      Me viro pra Gemma e ela está revirando os olhos fingindo vômito. Eu rio, pois se fosse ao contrário faria o mesmo.

-- Qual é, já deu uma olhada no seu irmão? -- eu mordo os lábios brincalhona.

-- Eww, eca. -- ela faz uma careta e sacode a cabeça. -- Pensei que meu irmão fosse morrer virgem e agora ele está até recebendo nudes no celular.

       Me permito rir e ela me acompanha.

...

       Passo a tarde na companhia de Gemma, que se mostra extremamente divertida, quando o assunto inevitavelmente se vira para o bebê, Gemma me diz que não era muito próxima de Eleanor, mas que sentia muito por ela.

        Harry chega umas duas horas depois e me cumprimenta com um beijo na testa.

-- Como ele 'ta? -- pergunto quando ele senta do meu lado.

-- Pior do que eu imaginava... -- ele passa a mão nos cabelos, exasperado. -- A Eleanor não quer vê-lo. -- ele puxa minhas pernas para o seu colo e se distrai fazendo círculos aleatoriamente por toda ela. -- Na verdade ela não quer ver ninguém... o Louis está arrasado.

       Fico sem saber o que responder, afinal não há respostas para isso. Por um lado penso que Eleanor precisa de um momento pra ela e por outro penso que o Louis não merecia isso. Não consigo me colocar na posição de ninguém, até por que a pouco tempo nem me imaginava namorando, quanto mais mãe.

-- Harry, a mamãe esta lá ainda? -- Gemma parece sentir que não houve resposta e parcialmente muda de assunto.

-- Uhum. Johannah está precisando dela. -- agora ele parece desenhar algo na minha perna, mas não consigo identificar.

-- Leva a Sn pra dar uma volta... vou tentar desenhar algumas peças novas.

-- Você quer? -- seus olhos me fitam ansiosos e sei que ele quer que eu responda sim, afinal vai ser uma maneira de distraí-lo.

-- Estou a sua disposição.  -- pisco para ele que cora e me faz rir.

         Sem mais, nós saímos da casa e percorremos as ruas de Holmes Chapel, preferimos caminhar, Harry me envolveu com seu braço e me puxou possessivamente... mesmo depois de tudo que disse para ele, mesmo depois de ter aberto o meu coração e me entregado, ele ainda acha que a qualquer momento irei fugir.

         E eu não o culpo.

-- Vou te levar para o meu lugar favorito no mundo. -- ele sorri afetado -- Mas antes precisamos parar aqui rapidinho.

         Harry me puxa pela mão e subimos os dois degraus frente a pequena vendinha. O mercadinho é aconchegante e com poucas prateleiras, Harry pega alguns biscoitos caseiros, um pote de doce de leite e uma garrafa de suco natural de laranja na pequena geladeira. Eu fico muda enquanto ele percorre o espaço com familiaridade, é como se ele estivesse em casa.

-- Boa tarde, Dona Cecília.  -- ele diz ao chegar no caixa, a cabeça da senhora se levanta rapidamente como se reconhecesse a voz de Harry.

-- Harry, querido! -- e realmente reconhece, seu sorriso quase rasga suas bochechas e ela se levanta num pulo e da a volta no caixa tomando Harry nos braços.

        Dona Cecília é baixinha e faz um grande esforço para alcançar Harry, que se abaixa para ajuda-la. A senhora deve ter por volta de seus 70 anos e tem cabelos brancos na altura do queixo. Seus traços delicados dizem que ela foi uma mulher estonteante.

-- Você está tão diferente. -- ela toma o rosto dele que está sorrindo, seu sorriso é genuíno e quase para meu coração.

-- Estava com muitas saudades da senhora. -- ele diz ainda sorridente.

-- Eu também, querido. -- Então seus olhos castanhos pousam em mim, seu sorriso se alarga. -- E quem é essa bela jovem? -- eu coro, sim eu corei.

-- Dona Cecília, essa é a Sn, minha namorada.  -- os lábios da senhora se esticam e ela me toma num abraço. Fico imóvel pega de surpresa.

-- Você faz ideia do quanto tem sorte? -- a pergunta é para mim ao se afastar.

       Encaro Harry que desvia o olhar e fita o chão enquanto suas bochechas queimam. Não consigo evitar sorrir.

-- Eu imagino. -- eu respondo apenas. Tenho a leve impressão que se essa senhora fosse um pouquinho mais nova ela me desafiaria para um duelo.

-- O Harry é um menino de ouro. Conheço-o desde de que andava por ai apenas de fraldas. -- eu sorrio imaginando um pequeno amontoado de cachos correndo por ai em suas fraldas. -- Está indo para o lago? -- ela se dirigi a Harry dessa vez.

-- Sim, vou levar Sn para conhecer. -- ele sorri para mim animado, um lago!

-- Harry passava aqui toda tarde para comprar um desses biscoitos, e corria para o lago, ficava lá por horas. -- ela diz nostálgica. Com toda certeza ela me desafiaria para um duelo. -- Não vou segurar mais vocês... podem ir. Foi um prazer enorme rever você! -- meu Deus, ela deve ter molhado a calcinha com o sorriso que Harry lançou para ela, eu molharia. -- E um prazer conhecer você. -- eu sorrio em resposta.

        Depois de uma leve discussão pois ela não queria deixar Harry pagar pelas compras, nós saímos da vendinha e deixamos uma nostálgica Dona Cecília para trás.

-- Então... um lago? -- pergunto animada.

-- Sim! Eu amo aquele lugar.

       Harry ajeita os óculos no rosto e sorri para mim ao pegar minha mão, a outra mão dele está ocupada com suas sacolas, do mercadinho.

       Não era longe, porém éramos parados a todo instante na rua. As pessoas aqui são todas loucas pelos Harry ou o que? E o que mais me impressiona é que todas são bem mais velhas que eu. Se eu não conhecesse Harry, diria que antes de mim ele tinha um fetiche muito estranho.

          Assim que chegamos no lago os olhos de Harry brilharam como o de um garotinho na manhã de natal. Corri os olhos ao redor, era realmente lindo e aconchegante. Tudo era verde a não ser pelo platinado das águas do lago. Estávamos cercados por árvores enormes e gramas bem cortadas. Parecia até propriedade particular, Harry chegou mais para a beirada no lago e se sentou na grama me puxando com ele.

        Ele respirou fundo e sorriu ao exalar.

-- Eu senti falta desse lugar. Me trás boas lembranças... -- seu sorriso fica melancólico. -- eu costumava vir aqui com Louis, a gente jogava bola.

-- É lindo aqui. -- eu me aproximo e deito a cabeça em seu ombro, nossas mãos ainda estão entrelaçadas e ele acaricia a minha distraído com os pequenos círculos que se formam na superfície do lago.

-- Louis iria querer trazer o... -- vejo então seu rosto se contorcer e uma lágrima escorrer por sua bochecha.

-- Ei... -- puxo ele para os meus braços pela segunda vez no dia, me espanto com minha própria delicadeza, que eu julgava inexistente no meu corpo.

-- Ah Sn... -- ele lamenta contra o meu peito. -- Queria que você estivesse aqui comigo em outras circunstâncias...

-- Podemos... hm... voltar em outro momento. -- tento consola-lo, sua cabeça se move e seus olhos marejados me encaram.

-- Sério? -- ele soa quase inocente.

      Balanço a cabeça assentindo e ele me puxa para um beijo, perdendo o equilíbrio nos jogamos na grama e Harry não descola seus lábios dos meus, sua língua invade a minha boca, suas lágrimas molham a ponta do meu nariz e tudo é amplificado. Meu coração acelera e minha respiração parasse acompanhar suas batidas, Harry aperta minha cintura e aprofunda ainda mais o beijos, nossas línguas se veneram numa dança sensual e meus dedos se perdem em seus cachos.

       Meu corpo clama pelo dele, puta merda, eu preciso dele.

        Cedo demais Harry se afasta, estou deitada na grama e metade do seu corpo está sobre o meu. Seus óculos estão tortos e seu cabelo é uma bagunça, seus lábios inchados e avermelhados se separam enquanto ele tenta controlar a respiração.

         Ele nunca esteve tão sexy. A região entre minhas coxas se apertam e eu mordo os lábios com força. Meu peito sobe e desce com rapidez, parece que corri uma maratona.

-- Você me faz tão bem... -- ele ajeita os óculos e passa as mãos pelo cabelo se apoiando em um dos cotovelos. -- Um beijo... eu esqueci até meu nome. -- ele cora, mas não devia o olhar que me queima.

-- Harry... -- sua cabeça tomba para o lado confuso.

-- Sn, meu anjo... estou éh... indo rápido demais? -- eu quase rio da pergunta, sua demonstração de afeto me deixa muitas vezes perdida, mas se alguém faz algo rápido demais, esse alguém sou eu.

-- Adoro quando me chama assim... -- antes que eu filtre as palavras elas me escapam, eu me encolho por ter baixado a guarda e ficado indefesa. Mas vale a pena assim que Harry abre um de seus sorrisos completos com direito a covinhas.  Dessa vez não resisto e passo a ponta dos dedos no pequeno buraco em sua bochecha.

         Harry fecha os olhos e se inclina na direção do meu toque. Corro a ponto do dedo pelos seus lábios, seu nariz e espero que ele abra os olhos, assim que os faz tudo que vejo são chamas verdes que queima por mim.

           Meu coração se enche e transborda e tudo que quero fazer é me embolar com ele na grama para sempre.

Continua...

Autora Mavi Souza

Notas:

       Bom... consegui postar hoje... esse não foi um capítulo muito impactante, ele foi mais emocional e espero que vocês tenham gostado... se encontrarem muitos erros me desculpem, mas como disse no aviso, estou escrevendo pelo celular...  

        Comentem por favor, precisamos saber o que vcs estão achando!

Beijos no Cotovelo
Xx :)
Mavi.