Fix Me || Sexto Capítulo

15:14 Unknown 1 Comments



.Salad for the lady.

Boa noite, Kaya. – eu digo acariciando cada letra de seu nome.

Merda. – ela suspira pronto, me assustando.

Eu esperava o meu nome, mas às vezes me chamam assim também. – tento descontrair, não sei por que estou ligando, mas ela tem algo que me intriga. – Onde você esta? – escuto uma voz ao fundo, não consigo entender o que diz.

É... Um amigo, mãe. – ah merda, ela mora com os pais, essa garota realmente não é para o meu bico.

Você mora com seus pais?

Não, e se morasse não veria problema. – respiro, aliviado, mas então percebo seu tom de voz, talvez tenha agido errado.

Desculpa. Dia ruim?

Não, meu dia foi ótimo.

Que bom, o meu também foi. – Minha hora chegou – Eu estava pensando que o dia de amanhã também pode ser bom se...

Não vai dar Niall, tenho que trabalhar o dia inteiro. – ela me interrompe e eu fico alguns segundos, estático.

Olhe Kaya, eu... – mais uma vez sou interrompido

Niall, está um pouco tarde, estou de saída – começo a ficar irritado, mas acima de tudo estou confuso, porque eu tinha que ligar?... argh!

Hã... – procuro as palavras, mas não encontro.

Eu tenho que desligar Niall.

Ah sim, ok. Boa noite, Kaya. – por que eu não consegui dizer a essa garota o quão ela é estranha, por que eu continuo insistindo?

Jogo o celular na cama, e pego o sabonete que comprei em sua loja e levo para o banheiro comigo, tomo um banho demorado e gosto do cheiro que toma o ambiente e minha pele assim que começo a me ensaboar. Jogo-me na cama pelado e molhado.

O dia foi movimentado, fechei grandes tatuagens hoje, e já consegui o suficiente para pagar minhas contas. Pensei que não conseguiria produzir muito, afinal cheguei tarde, em casa. Fiquei na Éseêne assistindo filmes até quase às duas da manhã, Harry se juntou a nó, foi divertido. Ele é um cara legal, é difícil para eu admitir, mas fico aliviado de saber que, por mais que Éseêne não possa ser minha, ela encontrou um cara legal, e não um desses tralhas.

Acordei um pouco tarde nessa manhã, mas assim que cheguei ao estúdio, já havia cliente me esperando, e consegui mais alguns trabalhos que me renderam uma boa grana. À noite, assim que cheguei em casa, encontrei a sacolinha de papel com o sabonete dentro e não me segurei e liguei para ela. Mas antes tive a incrível missão de achar o papel com seu celular, afinal, quando liguei da primeira vez, usei o telefone da loja.

Começo a rir sozinho, me arrependendo amargamente de ter revirado a casa atrás do maldito numero. Teria me poupado do fora.
Ando nu pela casa, ate a cozinha atrás de uma gelada, bebo jogado na cama ate ligo a teve, mas não presto atenção em nada então deixo que o sono me leve, durmo cedo, preciso botar meu sono em dia.

...

Acordo cedo e surpreendentemente descansado. Aproveito minha falta de roupas e já me enfio debaixo do chuveiro, a água está quente e relaxa ainda mais meus músculos. Procuro uma roupa e recolho minhas coisas pela casa, me preparando para sair.

O estúdio está vazio, me encarrego de abri-lo e acender algumas luzes, Greta está atrasada, esse é o trabalho dela. Arrumo minha sala, organizo as agulhas, as tintas, recolho embalagens de salgadinhos e algumas latinhas de refrigerante. Ligo o ar condicionado e estou pronto para fechar a porta quando escuto os saltos de Greta bater no chão.

Saio da sala e encosto a porta. Seus cabelos estão ameaçados e sua cara é uma bagunça maior ainda, parece que a noite foi boa.

Você está atrasada. – declaro minha presença e Greta pula com o susto.

Niall? – ela realmente não esperava que eu já estivesse ali. – Tem algum cliente agora?

Não, só resolvi chegar mais cedo. – Cruzo os braços – Coisa que você parece não fazer com frequência.

Desculpe, perdi a hora. – ela não parece arrependida.

Sabe que não costumo cobrar muito de você, o seu trabalho é chegar na hora, atender a merda do telefone e marcar horários na agenda. – sou ríspido, mas não mudo o tom de voz -- Existem muitas pessoas querendo o salário que você ganha, para fazer o pouco que você faz e ainda irão fazer direito.

Qual foi Niall? – ela bota as mãos na cintura.
Ta me demitindo? – sua ousadia me faz querer realmente demiti-la.

Ainda não, Greta, ainda não. – me viro e volto para a minha sala.

Consigo fazer uma escrita até um pouco antes do horário de almoço. O pen drive está no modo aleatório, e a música que começa a tocar me lembra de certo par de olhos cor de âmbar, olhos fáceis que pertencem a uma menina bem difícil. Pego o celular com uma tremenda vontade de ligar, mas me lembro da noite passada e jogo o celular para longe. Frustrado e inquieto pego minha chave do carro e saio batendo as portas com força.
...

Olá, Kaya. – eu digo e ela quase cai da pequena escada que usa para alcançar a prateleira de cima.

Niall? – ela está ofegando por causa do susto – O que... Você 'ta fazendo aqui? – diz descendo a escadinha.

Vim te levar para almoçar. – abro meu sorriso mais sedutor – Que horas você sai?
Começo a pedir internamente que ela não faça doce, porque essa e a minha ultima abordagem na cartola.

Eu almoço aqui, minha mãe traz meu almoço. – ela caminha para o balcão, e posso dizer até que ela desfila, rebolando o traseiro. Essa menina deve gostar de brincar com fogo.

Ligue e diga que não precisa. – ela franze as sobrancelhas.
Já disse que não precis... – eu a interrompo

Não precisa ser difícil, Kaya, é só um almoço.

Não estou me fazendo de difícil. – ela está indignada.

Então por que não almoça comigo?

Por que eu almoço aqui. -- Levanto uma sobrancelha para ela, e deixo meus olhos fazerem seu trabalho.
  Você não vai desistir, não e mesmo? – um sorriso vitorioso cobre meu rosto e ela revira os olhos.

...

Depois que Kaya fez uma ligação para a mãe e pelo visto responder muitas perguntas feitas, ela fechou a loja e colou um aviso na porta de vidro "HORÁRIO DE ALMOÇO, VOLTO JÁ."

Ela entrou no carro comigo, e mal conversamos durante o trajeto para a churrascaria que eu pensei em leva-la, eu preciso deixar claro que amo carne, e churrascaria é o melhor lugar no mundo para mim. Porém, assim que parei o carro no estacionamento, olhei de relance para Kaya e a vi franzindo o nariz e mordendo os lábios nervosamente.

Será que ela não gosta desse restaurante? Será que ela é alguma riquinha disfarçada de hippie? Mil perguntas zuniram pelo meu cérebro, e nem percebi que ficamos alguns minutos parados dentro do carro.

-- Éh... Vamos descer? – eu abri a porta e sai.

Esperei por ela e ativei o alarme do carro, pousei minha mão no final das suas costas, senti Kaya estremecer e tenho que admitir que, adorei o fato do meu toque causar esse tipo de efeito nela. Fomos recebidos por uma mulher de meia idade, a meu pedido ela nos levou a uma mesa mais reservada, Kaya continuava com o rosto retorcido, como se estivesse com dor.

Você esta bem? – Disse próximo ao seu ouvido, ela se encolheu.

Estou, mas eu...

Sua mesa, senhor. – a mulher nos indicou interrompendo-a.

Agradecemos e nos sentamos, Kaya fica retorcendo os dedos e sempre que uma daqueles espetos de carne passa por ela, é quase um espasmo.

O que você acha do rodízio? – eu pergunto.

Niall, eu...

O rodízio é maravilhoso, nossas carnes são de primeira, prometemos não decepcionar. – a mulher a interrompe mais uma vez.

Niall, eu não posso comer rodízio. – ela diz rápido dessa vez, com medo de ser interrompida de novo.

Você come pouco? – eu indago – Sem problemas, posso pedir uma porção única pra você.

Não e isso, eu...

As porções únicas são deliciosas e na medida certa, temos...

A senhora pode, por favor, esperar? – eu digo irritado por ela interromper a cada segundo – Assim que decidir, eu chamo. – a mulher pareceu ofendida, mas se afastou a contragosto. – O que foi? – eu pergunto preocupado.

Por algum motivo seu semblante suavizou, ela apoiou o cotovelo na mesa e o rosto no punho.

Eu adoraria comer aqui com você, mas eu sou vegetariana. – ela fechou os olhos e mordeu os lábios.

Puta que Pariu.

Você é o que? – respirou fundo.

Vegetariana, sabe? Eu não como carne. ela sorriu sem mostrar os dentes, claramente sem graça.

Carne? Você não come carne? – eu estou indignado.

Sim, sou vegetariana.

Como? – eu pergunto, sei o que e vegetarianos, mas nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo. Pelo amor de Deus, será que não podia ser simplesmente mais fácil?

Oi?

Mas e carne! – estou sem palavras, e dou me único argumento.

Eu nunca comi, já nasci numa família vegetariana, nunca tive oportunidade de experimentar e nem tenho vontade. – ela deu de ombros e eu fiquei ainda mais encantado com ela, como era fácil para ela ser daquele jeito, era simplesmente ela.

Bom... Eu amo carne, e de preferência mal passada, portando... Se você não se importar eu vou querer o rodízio... Podemos perguntar se eles têm algum prato vegetariano... – ela riu e assentiu.

Eu ergui o braço e a senhora veio até a mesa, dessa vez carrancuda.

Posso ajudar?

Sim, vocês têm algum prato vegetariano? – a mulher franziu o nariz numa expressão cômica

Como? Prato vegetariano? Numa churrascaria?

Sim, algum problema?

Não senhor, nós temos apenas salada.

Kaya segurou o riso e eu precisei fazer o mesmo.

Salada para a moça e rodízio para mim.

 Digo sorrindo para Kaya.

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