Fix Me || Quinto Capitulo.
.Fix Me.
.Kaya Narrando em
Primeira Pessoa.
.Life Parts.
O telefone tocou e
então ele foi embora.
Fiquei por uns
longos segundos, parada olhando para a porta da frente, com a vaga lembrança da
presença dele ali.
Desviei minha
atenção meio que me obrigando. O relógio marcava seis e pouco, e de repente eu
já não estava com tanto animo para passar as próximas três horas, sozinha, na
loja.
Aproximei-me do
balcão e peguei o telefone discando o número de casa. Mamãe me atendeu depois
de cinco toques.
-Oi Filha, desculpe
pela demora, eu estava fazendo o jantar.
-Tudo bem mãe. Eu
liguei para avisar que vou fechar a loja mais cedo hoje. Não estou me sentindo
muito bem. – Me arrependo de dar essa desculpa no minuto seguinte.
-O que você tem
Kaya? Venha direto para casa, Deus... Peguei um taxi!
-Mãe eu estou bem,
só um pouco cansada. Eu vou para casa comer algo e descansar. – Digo
pacientemente com a melhor voz de recusa.
-Tem certeza? Posso
mandar seu pai ai para ver se está tudo bem. – Me sentiria muito melhor depois
de ser um pouco paparicada por minha mãe. Mas não vou dar o braço a torcer, sei
que papai odiaria sair de casa a essa hora da noite, mesmo que fosse para mim.
-Mãe não precisa,
de verdade. Estou bem, só um pouco cansada. – Repito.
-Tudo bem... – Mamãe diz um pouco relutante. – Prometa me
ligar se sentir algo diferente.
-Sim mãe. Vou dar
um toque quando chegar a casa... Quando for dormir... E quando acordar amanhã.
-Perfeito. Boa
noite meu raio de sol. – A voz de mamãe e carinhosa e aquece meu coração.
Sinto-me muito melhor depois dessa ligação.
-Obrigada mãe, eu
te amo.
-Eu te amo muito
mais. – Finalizo a ligação com um beijo e tchau.
Pego minhas coisas
e faço rapidamente a contagem do caixa. Meia hora depois já estou fazendo a
caminhada da loja para meu apartamento.
***
Yasha vem direto em
minha direção quando abro a porta. Olho direto para a sua vasilha e já sei por
que toda essa recepção. Ela quer ração.
Como sempre olho rapidamente a
correspondência. Ponho a ração para Yasha, que faz questão de fingir que não
existo depois disso. Tomo um banho rápido e depois vou a cozinha ver o que tem
para jantar.
Minha geladeira
está cheia, porém não tem nada pronto. Começo a cozinhar, e eu realmente gosto
de fazer isso, alivia meus ânimos. Sigo todos os paços para uma sopa de
legumes. Hoje está frio como em todos os outros dias e a opção de uma comida
quentinha e convidativa.
Enquanto a panela
está no fogo eu faço algo que raramente faço. Sento em frente a TV.
Os britânicos
odeiam os americanos, isso e um fato. Apenas não consigo entender essa
superioridade toda, uma vez que a TV britânica e mil vezes pior do que os
programas de acumuladores, obesos, fast food... E toda a besteira que os
americanos veneram. Os canais britânicos são repletos de fofoca dos famosos,
jornais sensacionalistas e sem contar em todo o reality shows... Cada emissora
tem seu próprio reality. Definitivamente os britânicos adoram lançar suas girlbands
e boybands para o mundo todo ano.
Desisto de ver TV e
começo a folhear uma revista que recebi pelo correio. Releio três vezes o
titulo de uma meteria e desisto de fingir me interessar por isso, porque a
minha maldita cabeça não consegue pensar em outra coisa que não seja Niall e a
aquela, aparentemente importantíssima, ligação que o fez sair às presas da
loja.
Seria uma mulher?
Mas quem no mundo tem um nome tão esquisito como aquele... Nem consigo me
lembrar da pronuncia. Um código talvez? Aquela coisa bizarra entre amigos,
quando um está precisando de algo... Uma espécie de Bat Sinal? Bem esquisito,
seja lá o que for. Se bem que, meu nome não e comum, mas não e inexistente.
Aquele sentimento
de revolta cresce dentro de mim aos poucos. Afinal, quem e Niall para chegar de
um dia para o outro e achar que pode ser dono dos meus pensamentos? Mal consigo
me reconhecer assim, nunca fui de pensar tanto tempo em uma pessoa, ainda mais
sendo ela do sexo masculino.
Como uma mulher
formada que sou, decido que a partir de hoje irei agir de modo indiferente em
relação a isso. Niall e só um cara que eu conheci, ele pode ser bacana, lindo,
sexy... E facilmente alguém que eu poderia beijar e fazer outras coisas, mas
ele não é um território no qual eu não queira entrar.
Levanto do sofá
para ver minha sopa me sentindo confiante, e com um enorme sorriso no rosto.
Sou capaz de muitas coisas.
***
E quarta feira.
Hoje não preciso passar cedo na loja, meu pai cuida das coisas nas quartas,
quintas e sextas.
Então no dia
anterior regulei meu relógio para despertar um pouco além das sete da manhã.
Adoro dormir, isso não e segredo para ninguém. Se meus pais tem alguma decepção
comigo, com certeza e o fato de que desde criança tenho grandes problemas em
acordar cedo. Mamãe diz que se sente feliz em relação a isso, porque eu tenho
como ela diz “personalidade”. Definitivamente de todas as coisas que aprendi
com os dois, acordar cedo nunca foi uma delas.
Sabendo disso minha
mãe espera pacientemente ate depois das nove da manhã para aparecer na porta da
minha casa.
-Estou bem mãe. –
Respondo com a voz rouca.
-Kaya você precisa
fazer uma faxina nessa casa, filha está uma bagunça! – Mamãe reclama caçando
pela minha cozinha uma panela para fazer meu leite da manhã. Já disse que odeio
café? Quer dizer, não odeio mortalmente... Só e aquela bebida da qual eu posso
viver sem e nunca sentirei falta.
-Ontem eu cozinhei
e fiquei com preguiça de arrumar a bagunça. – Dou de ombros e vejo pelas
brechas da minha mão, pois estou tentando tapar meus olhos de toda a luz, mamãe
fazendo careta.
-Você não deveria
ter preguiça e feio. – Ela me repreende enquanto joga o leite de soja na
panela.
-Me deixa ver outra
palavra então... Falta de vontade.
-Você e impossível.
– Começo a rir dela, não que esteja fazendo pouco da minha mãe, longe disso, só
acho engraçado ela me repreender.
Me sinto
constantemente com 12 anos de volta, quando eu escalei pela janela do vizinho
para alcançar uma goiaba gorda e suculenta da arvore...o problema e que eu caí
e fui atacada pelo cachorro bravo do vizinho. Chorei e gritei tanto que fiquei
bem um mês sem voz, mamãe também, depois de me dar um belo discurso passivo
durante horas sobre “moças não fazem isso”.
-Você vai hoje à
loja? – Ela pergunta depois de por o leite para esquentar.
-Vou sim, mas não
agora... Acho que só lá pelas três.
-Então nós duas
podemos aproveitar! – Mamãe sorriu para mim. – Vamos a um brechó novo que abriu
em Ilford... Um dia desses passou um moço distribuindo panfletos. Achei bem
interessante a premissa deles.
***
Pegamos o trem em London
Liverpool Street às dez da manhã. Cerca de 20 minutos depois estávamos onde
queríamos. Ilford é uma grande cidade
cosmopolita no norte meio que para o leste de Londres. Eu estava bastante
acostumada à movimentação de Londres, mas Ilford... Eu amo esse lugar.
Enquanto Londres e
cheia de hotéis e lojas, Ilford tem suas construções residenciais misturadas
com o comercio extenso. O Rio Road uma versão mais bonita do próprio tamisa sem
toda aquela “recém-despoluição”.
O brechó que mamãe
citou, ficada um pouco escondido em uma rua distante do centro. Era bem bonito,
com a fachada de tijolos vermelhos e uma placa com tons rosados e uma letra
cursiva com o nome da loja Ophelia.
As roupas eram tão
minha cara que rapidamente me senti animada. A pegada do brechó eram roupas
antigas com cores frias. Bem no estilo rural, como a própria Ilford.
Depois de uma hora
e pouco, eu estava com um guarda-roupa novo e um mês de salário mais pobre.
Mamãe quis almoçar por lá, demoramos um pouco para achar um restaurante com a
opção de cardápio vegetariano.
-A salada estava
bem refrescante, mas a minha e melhor. – Mamãe comentou quando já estávamos no
trem de volta para casa. Dou uma risada e concordo com ela.
-Esses restaurantes
acham que vegetariano só come quinoa.
***
-Estou vendo que o
dia foi bom. –Papai diz quando entramos na loja com nossas sacolas do brechó.
-Foi mesmo amor. -
Minha mãe vai ate meu pai e o beija. Não tenho aquele nojo que os outros dizem
ter quando veem os pais se beijando, por contrario... Acho lindo, e tão
sincero.
-Amo você Kala. –
Papai se declara beijando agora o topo da cabeça da minha mãe. Ele se afasta e
vem ate mim. – Meu raio de sol. – Murmura antes de me abraçar.
-Bom saber que não
fui esquecida. – Brinco e ele ri me apertando com força.
-Jamais esqueceria
meu bebe.
Depois de
conversarmos sobre como foi nosso dia de compras, papai fica animado o
suficiente para fechar a loja mais cedo e me obrigar – entre aspas porque eu
fui sem reclamar-, a jantar em casa.
Antes de irmos,
tive que passar em meu apartamento para dar comida a Yasha, esse foi o tempo em
que meu pai terminava de fazer caixa e fechar a loja. Nós encontramos na
esquina e caminhamos juntos para casa.
***
Mamãe fez minha comida preferida para o jantar. Lasanha de
espinafre com Caponata e chá verde.
-Deus eu poderia
comer isso para o resto da vida! – Digo depois da ultima garfada.
-Adoro ver você
comendo Kaya. – Papai comenta limpando a boca no guardanapo.
-Lá vem o senhor...
- Semisserro os olhos para ele do outro lado da mesa.
-Lá vem você negar.
– Ele devolve o olhar.
-Kaya, filha e
verdade. Você namora a comida.
-Mãe não precisa
ser a mediadora de tudo! – Os dois soltam gargalhadas de mim, e papai se
levanta para ajudar mamãe coma louça. – Que horas são?
-Não sei filha.
Veja no relógio da sala.
Levanto da cadeira
pronta para ir à sala quando meu celular toca. Estranho, porque e muito raro
meu celular tocar, praticamente ninguém me liga. O número e desconhecido, mas
mesmo assim atendo, de repente vai que aconteceu algo.
-Boa noite Kaya.
-Merda. – Solto sem
pensar. Mas ouvir essa voz... Ainda seguida do meu nome. Minhas estruturas caem
imediatamente e eu derreto feito uma manteiga.
-Eu esperava o meu
nome, mas às vezes me chamam assim também. – Niall brinca rindo, ao fundo minha
mãe pergunta quem é ao mesmo tempo em que ele pergunta onde estou.
-É... Um amigo,
mãe. – Respondo saindo da cozinha com um breve aceno para eles esperarem
enquanto vou para o corredor.
-Você mora com os seus
pais? – Ele pergunta com um tom meio que acusatório na voz.
-Não, e se morasse
não veria problema. – Me defendo e Niall solta um muxoxo.
-Desculpa. Dia
ruim? – Não ate você ligar. Penso.
-Não, meu dia foi
ótimo.
-Que bom. O meu
também foi, eu estava pensando que o dia de amanhã também poderia ser bom se...
-O interrompo antes que eu termine a frase.
-Não vai dar Niall,
tenho que trabalhar o dia inteiro. – Digo olhando distraidamente para meus pés
enquanto balanço meu corpo de um lado para o outro. Sempre faço isso quando
estou nervosa.
-Foi porque eu sai
apressado ontem? Olha Kaya eu...- O interrompo de novo.
-Você não me deve
explicações Niall – As palavras saem rápidas junto com as batidas do meu
coração.
Odeio me sentir
assim, porque simplesmente não consigo entender essas emoções bestas.
-Hã...
-Eu tenho que
desligar Niall.
-Há sim, Ok. Boa
noite Kaya. – Suas palavras são
atrapalhadas e eu desligo antes de ouvir qualquer outra palavra dele.
No instante
seguinte começo a ficar paranoica de novo. Porque eu agi assim? A gente
definitivamente não tinha nada para que eu me sentisse desse jeito. Ciumenta?
Isso e ciúme?
Ele deve estar
nesse exato momento me achando uma verdadeira idiota. Afinal era a segunda vez
que nós víamos, mas eu realmente não gostava no jeito que eu me sentia perto
dele. Estranhamente animada e perturbadoramente nervosa. Aqueles olhos me
deixavam com tantos sentimentos no peito que eu nem sabia defini-los.
Fecho meus olhos e
respiro fundo.
-Tudo bem raio de
sol? – A voz de papai me conforta da merda que acabou de acontecer.
-Sim pai. Eu
preciso ir para casa, está ficando tarde. – Digo, mas na verdade quero fugir
das explicações.
-Pegue a minha
bicicleta, você está um pouco pálida e a caminhada e longa. – Papai diz e eu
aceito balançando a cabeça levemente.
Meu pai passa por
mim no corredor para pegar a bicicleta e eu fico parada por alguns minutos
apenas digerindo minha vergonha.
***
Quando chego ao meu
apartamento vou direto para o banheiro, tomo uma ducha rápida e ponho um pijama
confortável e me deito na cama olhando para a claraboia no teto.
Já e tarde da noite
e o céu brilha em sua magnitude. A luz azulada entre por entre os quadradinhos
de vidro no teto, as estrelas são pequenas e escassas. A imagem e linda e
confortável.
A porta faz barulho
quando Yasha passa por ela. Me estico na cama para ver minha gatinha se
esgueirando pelo quarto ate a ponta da minha cama. Sem precisar ser convidada,
ela pula no colchão e gira algumas vezes antes de se deitar sobre o lençol
branco. Seus olhos azuis me fitam, e rapidamente meu cérebro projeta os olhos
de Niall, e como em um lampejo, me lembro de que peguei Yasha justamente por
achar a cor dos seus olhos convidativos.
Minha gatinha fecha
os olhos para dormir e eu volto a olhar a imensidão do céu achando que o
destino adora pregar peças.
Continua.
Autora Ananda Leite.
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