Summer || Primeiro Capítulo

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-- Valerie? – eu puxei um fone do ouvido – Está me ouvindo?

-- Sim mãe, desculpe. – seus olhos castanhos me repreenderam

-- Vamos fazer conexão...

-- Eu sei, escutei quando a aeromoça falou.

Eu recoloquei os fones e me encostei na poltrona enquanto o avião pousava.

Eu estava indo para a casa da minha avó Liz na Carolina do Sul, fazia tempos que eu não a visitava, eu sentia sua falta, mas eu moro em Seattle, ou seja, do outro lado do mapa, minha bunda doía só de pensar nas próximas horas que ficaria sentada.

Minha mãe, Celine, uma mulher bonita e nova, sim bem nova, ela me teve quando tinha apenas 17 anos. Foi difícil para ela, mas meu pai esteve sempre ao seu lado, até o acidente. Agora quem tinha 17 era eu e a minha mãe se casou novamente. Meu padrasto Josh, um bobão, mas gente boa e fazia bem a ela. Como eu disse, eles se casaram e agora querem comemorar a lua de mel e eu graças a Deus não fui incluída nisso, eles escolheram Miami, na Florida.

Então iriamos de avião até a Carolina do Sul, Charleston mais especificadamente onde minha avó mora, eles me deixariam lá e escolheram ir de carro para a Florida, não me perguntem por que.

Não foi muito divertido fazer quase uma hora de conexão, mas não tínhamos escolhas. Entramos no outro avião e nos sentamos, eu cruzei as pernas e peguei meu livro, ainda com os fones no ouvido, juro que não sei o que faria se tivesse que participar das conversas de Josh com a minha mãe.

Bom primeiramente a pergunta seria, mas que diabos de lua de mel é essa que duram 3 meses, pois é, não irão durar isso tudo, mas eles resolveram a pouco tempo que apenas Miami não seria suficiente e que eles queriam um tour pelos Estados Unidos, sim, eles viriam até a Carolina do Sul para depois Florida, e depois voltar tudo para conhecer outros lugares. Loucos? Inconsequentes? Não, apenas recém-casados.

Sobre eu passar 3 meses na casa da minha avó, bom não eram meus planos para as férias de verão, mas pode ser divertido, não vejo a minha avó desde o velório do meu avô Philip, a um ano atrás, aquele talvez tenha sido o dia mais triste da minha vida, o vô Philip, mesmo sem eu estar muito presente fazia de tudo para me agradar, me mandava cartões em todas as datas comemorativas inclusive nos dias das mães. Ele sempre dizia que não sabia se estaria vivo para me ver ser mãe, então eu já teria os cartões. Eu guardei todos eles, estão em uma caixa em baixo da minha cama, quando a saudade bate eu apenas os pego.

Sinto-me culpada por passar tanto tempo sem ver a vovó e espero que esses três meses sirvam de pagamento por todo tempo que estive longe.

Não sei exatamente o que esperar desse verão, Charleston é incrível e linda, tem praias e ilhas lindas. Mas eu podia esperar um bronzeado? Não, minha pele leitosa nunca permitiria, talvez apenas se eu quisesse virar um camarão sobre a terra. Eu podia esperar passeios de barco? Não, eu tenho enjoo e quase morro. Por incrível que pareça eu só não enjoava quando iria pescar com o vovô ele me dizia que seu barco, era mágico, justamente por ter levado o meu apelido como nome. Não sabia se o Vale ainda existia, mas mesmo se existir, acho difícil achar alguém para me levar para pescar.

Mas a vida é cheia de surpresas e a qualquer momento uma coisa louca pode me acontecer, como ganhar na loteria ou se apaixonar. Ela pode mudar da noite para o dia, em questão de horas ou minutos. E você será obrigada a mudar com ela. Mas eu entendo as mudanças como coisas boas na nossa vida. Por isso nesse momento as pontas dos meus cabelos estavam pintadas de azul e não mais de roxo, eu costumava mudar de mês em mês, mas me parece que ficarei o verão todo com ele assim, a não ser que encontre uma pessoa tão boa quanto Allison, minha melhor amiga, para pintar meu cabelo. Mas tenho certeza que ela me mataria.

Ah Allison, fizemos muitos planos para esse verão, mas não me culpe, ela os destruiu primeiro, ela foi para a África com seus pais, numa missão para ajudar os mais necessitados, ela foi para lá sem celular e com apenas uma mochila para passar três meses. Eu a chamei de louca e ela me disse que era para uma boa causa, eu entendi e aceitei. Logo depois veio essa ideia louca de Lua de Mel em volta dos Estados Unidos.

A última música da minha playlist terminou e eu fiquei tentada a reinicia-la, mas minha cabeça já estava pesada, fechei o livro sem ter lido uma linha se quer e me encostei contra a poltrona e fechei os olhos.

Espero que esse verão realmente me surpreenda.

...

-- Valerie querida, acorda. – meus ombros foram remexidos e meus olhos se abriram preguiçosos. – Chegamos.

Eu me estiquei e comecei a arrumar minhas poucas coisas para sair do avião.

-- Vovó virá nos buscar? – perguntei já no aeroporto, Josh tinha se afastado.

-- Não, vamos alugar um carro.

Nem perguntei mais nada, não estava afim de saber dos planos da minha mãe com Josh, era exaustivo demais, eles provavelmente irão gastar mais com aluguel de carro do que se fossem para Europa.

Josh alugou um carro bom e até confortável, a viagem até a casa da minha avó não foi longa, Charleston não é tão grande, e eu não consegui tirar os olhos das janelas. A cidade estava tão mudada, ta vendo? Mudanças, estão por todas as partes, se não as aceitarmos ficaremos loucos. As casas coloridas e o gosto de sal que a brisa sempre tinha, não sabia que sentia tanta falta desse lugar até estar aqui.

Vamos chegar na casa da vó Liz na hora do jantar, e eu aposto que ela preparou uma lasanha, como ela faz em todos os domingos.

Sair do carro talvez tenha sido a melhor sensação da minha vida, todos os ossos do meu corpo gritaram de prazer quando eu me alonguei. Estamos tirando minhas malas do carro quando vovó abriu a porta e podemos dizer que a sua maneira ela correu em nossa direção, ou melhor, na minha direção.

-- Minha Valerie. – Ela me agarrou num abraço apertado me fazendo derrubar as malas para retribui-la, vovó ainda tinha cheiro de baunilha e bolo.

Minha avó, Eliza, mas sempre a chamamos de Liz era uma senhora com olhos azuis, os quais eu puxei, mas diferentes dos meus, os dela eram acolhedores como se dissessem, vem comigo, eu tenho doces e uma lareira quentinha para você.

-- Vovó! – eu disse e minha voz saiu estrangulada por causa do aperto. – Eu senti sua falta.

Ela me soltou, e me olhou nos olhos sorrindo, a tendência dos idosos é ir perdendo os dentes, mas por algum motivo, minha avó tinha todos eles, e eram lindos, o sorriso como o da minha mãe, muitos diziam que era o meu também, mas eu custava a acreditar quando me olhava no espelho.

-- Você esta tão bonita e crescida – uma lágrima desceu pelo seu rosto envelhecido – Uma moça!

-- Ah vovó não chore! – meus olhos marejaram.

Depois de todo aquele drama familiar, Josh entrou para subir com as minhas malas e colocar no meu quarto. Já eu parei na calçada e admirei aquela casa, tão simples, grande o suficiente para os três filhos, e acolhedora espero que meu quarto esteja do jeito que eu deixei, eu amava aquele quarto.

Logo depois de subir os cinco degraus que rangiam e atravessar a varanda com a rede pendurada, entrei na casa e fui tomada por uma onda de nostalgia tremenda e quase fui empurrada para fora, era a casa que eu passei mais da metade da minha infância, e eu nem me lembrava dela direito. Dizem que quando você é adolescente, seus hormônios fazem você sentir todos os sentimentos em dobro, e acho que isso é verdade por eu realmente me vi correndo pela casa seguida pela minha “gangue” de primos.

-- Valerie, querida. – vovó me acordou – vai ficar ai na porta? Entre, a lasanha já esta na mesa. – eu sabia, lasanha.

Eu sacudi a cabeça e fechei a porta seguindo para a cozinha, minha mãe já estava sentada e Josh tinha acabado de entrar no recinto, ele era quase da altura do portal que dava para sala. O cheiro da lasanha era totalmente inconfundível, eu estava prestes a comer a melhor lasanha de todos os tempos, a lasanha com sabor de infância e algumas camadas de queijo.

Eu me sentei, e vovó fez questão de servir todos os pratos e deixou o dela por ultimo. Eu dei a primeira garfada e cuidei de assoprar antes, o sabor explodiu na minha boca e eu quase gemi, vou comer isso todo domingo durante 3 meses, esse verão já está valendo a pena.

-- Vovó, essa lasanha é a melhor do mundo. – ela sorriu para mim

-- De verdade, nunca comi nada parecido também. – Josh elogiou e vovó se aplumou na cadeira.

Josh era bonito e aposto que vovó admirava isso, ela conheceu ele quando foi nos visitar em Seattle, ele se apaixonou por ela e ela por ele, no sentido carinhoso por favor, minha mãe as vezes até sente certo ciúmes dela com ele e vice versa.

-- Muito obrigada. – sempre educada. – Vale, como vai o coraçãozinho?

-- Batendo vovó... – sabia o que ela queria mas não podia perder essa.

-- Valerie! – mamãe me repreendeu mas vovó e Josh gargalharam.

-- Sim sim, mas ninguém fez ele bater mais rápido? – ela piscou

Ah o amor, o que falar sobre ele? Bom, no meu caso quase nada, nunca tive um namorado, ou algo que possa chegar perto, já fiquei com alguns garotos, mas nenhum deles me deram motivos para lembra-los. Não vou dizer que sou uma pedra insensível, mas quero um romance épico, quero algo que marque minha vida para sempre, algo que me tire o folego sempre que eu me lembre. Não precisa ser algo para a vida toda, só preciso que seja memorável, algo que eu posso até estar casada com outra pessoa, mas que quando minha filha me perguntar como é estar apaixonada eu possa suspirar e contar para ela e dizer que não me arrependo de ter vivido algo tão intenso.

Não procuro uma aventura inconsequente, procuro algo, alguém que me faça sair do chão, mas que ao mesmo tempo me prenda a ele, que me tire o folego e que me dê o ar, que me enlouqueça e que me traga de volta para a sanidade, que faça meu coração acelerar e que o faça parar.

Talvez seja pedir demais, talvez eu nunca viva nada nem parecido, mas são minhas expectativas, e não pretendo muda-las.

-- Não vovó... ninguém. – eu voltei para a minha lasanha, oh sim, amor verdadeiro e puro.

...

-- Vocês perderam a cabeça? – vovó estava possessa e aquela discussão parecia que não terminaria nunca – da onde já se viu, querer sair uma hora dessas.

-- Mamãe, nós vamos parar na estrada, mas precisamos chegar na Florida bem cedo.

-- Façam o que quiserem! – vovó Liz jogou os braços para cima desistindo e abraçou os dois. – Vão com Deus.

Me despedi dos dois e desejei boa viagem, sem mais, mamãe e Josh partiram em sua pequena aventura pelos Estados Unidos.

-- Vovó eu estou muito cansada, a senhora se importa se eu for dormir?

-- Claro que não querida. – ela me abraçou – Estou feliz que esteja aqui, boa noite. – ela beijou carinhosamente a minha testa.

-- Boa noite vovó, também estou feliz de estar aqui. – Eu sorri afetada e subi para o meu quarto.

Ele estava como deixei, só que mais arrumado, e os lençóis novos também. Eu peguei um pijama na mala maior e corri para o banheiro, graças a Deus meu quarto era uma suíte então eu tinha meu próprio banheiro. Tomei um banho longo e relaxante, me enxuguei com uma das toalhas que vovó tinha deixado para mim. Coloquei o pijama e me joguei na cama, tão macia quanto eu me lembrava, me cobri com edredom, a meu pedido vovô tinha instalado um interruptor do lado da minha cama por que eu odiava ter que andar até parede quando me esquecia de apagar a luz. Liguei o ventilador de teto e desliguei a luz.

Fiz uma breve oração como costumava fazer todos os dias antes de dormir e me peguei pedindo por uma mudança, daquelas que fazem seu coração parar.

Continua...

Autora Mavi Souza

Notas da Autora

Finalmente hein? Estava esperando a semana do Nini para postar, e aqui está, espero que gostem, é só o primeiro capitulo e talvez não deixe vocês tão interessadas, mas prometo que o proximo vai ser melhor.

Comentem o que acharam por favor! É muito importante para mim.

Essa fic tem um trailer, que não viu ainda clica aqui.

Beijos no Cotovelo.

Xx :)

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